No sábado deu-se um ciberataque em diversos aeroportos europeus, afetando o sistema de check-in e das bagagens dos passageiros. Durante todo o fim-de-semana, os passageiros enfrentaram diversos atrasos em centenas de voos em aeroportos como o Heathrow no Reino Unido, Berlim na Alemanha ou de Bruxelas na Bélgica. Depois do software utilizado por diversas companhias aéreas ter sido afetado, os funcionários tiveram de validar os bilhetes dos passageiros utilizando um papel e caneta. 

Durante o domingo, o aeroporto de Bruxelas ainda não tinha recebido indicações de quando o sistema estaria novamente funcional, tendo mesmo pedido às companhias aéreas para cancelar metade dos seus voos de partida para esta segunda-feira, avança a BBC

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A RTX, casa-mãe do fornecedor do software em questão dos aeroportos, a Collins Aerospace, diz estar a par da disrupção causada pelo ciberataque no seu sistema em alguns aeroportos, prometendo uma resolução o mais rapidamente possível. O software afetado chama-se Muse, que permite a diferentes companhias utilizar o mesmo sistema de check-ins e portas de embarque num aeroporto, em vez de adotar o seu próprio. 

A analista de cibersegurança Check Point refere que estes ataques aos aeroportos europeus demonstram como a aviação se tornou um alvo cada vez mais atrativo para os cibercriminosos. A especialista diz que “estes ataques não se limitam a falhas de TI, estes paralisam voos, deixam os passageiros retidos nos aeroportos, podendo gerar impactos transfronteiriços em poucas horas”. Estes grupos exploram a dependência da aviação de sistemas digitais partilhados, sobretudo as plataformas de terceiros utilizados por diferentes companhias aéreas e aeroportos, em simultâneo. E quando um fornecedor é comprometido, como foi o caso, a disrupção espalha-se, em grande escala.

A empresa diz que este momento não foi escolhido ao acaso. “Muitos ataques ocorrem em fins de semana ou feriados, quando as equipas de TI e segurança são mais reduzidas e os tempos de resposta mais lentos”. Desta forma, os cibercriminosos aumentam a hipótese de causar o caos de forma mais prolongada, estendendo-se pelo menos até segunda-feira, afetando centenas de milhares de passageiros. 

A Check Point diz que o sector de Transportes e Logística continua entre os 10 mais atacados do mundo, numa média de 1.143 ciberataques por organização por semana nos últimos meses, num aumento de 5% face ao ano passado. Em agosto, o número subiu para 1.258 ataques semanais por organização. A nível global, o ransomware é uma das ameaças mais disruptivas, com 1.600 incidentes reportados no segundo trimestre de 2025, com 4% apontado aos transportes e logística. No segundo trimestre de 2025, a atividade de ransomware cresceu 126% face ao mesmo período homólogo do ano anterior. 

“A menos que as empresas de aviação tratem a cibersegurança com a mesma seriedade que as verificações de segurança física antes da descolagem, continuaremos a assistir a disrupções cada vez maiores. A resiliência cibernética é agora tão crítica para a aviação como a segurança dos passageiros”, refere Rui Duro, Country Manager da empresa para Portugal.