Tem existido um processo evolutivo de criação da consciência para a cibersegurança, havendo setores mais conscientes, pelas áreas onde estão, mas há outros em que o tema “passa ao lado”, referiu Carla Zibreira. A forma como o tema tem disso comunicado, abrangendo a legislação e todos os incidentes, tem sido muito importante para uma maior perceção dos riscos que todos corremos, mas ainda temos muito trabalho a fazer, acrescentou a Digital Trust Business Unit Director, da Axians. A responsável considera que o processo é algo gradual, até porque exige muita mudança de comportamento.
Para Rui Shantilal, Managing Partner, Devoteam Cyber Trust, há diferenças de comportamento, em termos de cibersegurança, que resultam de questões culturais, em muitos países, mas também económicas. Tal leva a que a que as empresas “vão ‘a reboque’ porque muitas vezes não existe capacidade financeira para trabalharem de forma proativa”.
Incontornável é a importância que a cibersegurança assume hoje em dia, sublinhou Luís Antunes, Full Professor, University of Porto, tendo em conta que nem a internet nem os sistemas de informação foram desenhados para serem seguros, mas para serem resilientes. “
Nunca esperámos um crescimento tão rápido e uma dependência tão rápida deste tipo de tecnologias. Quanto maior é a evolução, mais vulneráveis ficamos”, apontou Luís Antunes.
A cibersegurança tem de existir para servir e por isso tem de ser explicada, justificada e demonstrada, disse Carla Zibreira. “É um caminho onde temos ganho informação e conhecimento, para o conseguir fazer de forma mais sustentada. Mas é um caminho de evangelizar as organizações de que apesar se não ter retorno imediato para o negócio, o influencia diretamente”.
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Na avaliação do risco, considera-se o negócio em si. Os critérios de perda, de indisponibilidade e de autenticidade de informação são diferentes e têm de ser adaptados a todas as organizações, acrescentou a responsável da Axians. Outro fator que influencia diretamente o custo da segurança são as pessoas e, no caso, a falta de capacidade e talento nesta área.
Rui Shantilal ilustrou a questão com números, referindo que um em cada cinco talentos no mercado nacional já trabalha do país para o exterior, pois são altamentes atraentes para mercados onde o ordenado médio é mais alto, ganhando duas ou três vezes o ordenado que recebiam em Portugal.
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“Perante esta realidade, as empresas de TI e de cibesegurança ou se conseguem internacionalizar e começam a pagar valores iguais aos de lá fora ou os seus clientes terão de pagar mais pelas soluções. E não vão querer”, disse o Managing Partner da Devoteam Cyber Trust”.
Mas o cibercime compensa?
Os ataques resultam de um desafio intelectual, “tudo começa aí”, defendeu Luís Antunes, acrescentando que à data de hoje os grandes ataques são oportunistas”. Temos de entender o minset de quem ataca, de ter sensibilidade ao risco “e por isso temos piratas bons nas nossas equipas”, referiu por sua vez Carla Zibreira.
Para Rui Shantilal, há uma parte dos cibertataques que ainda são oportunistas, mas há cada vez mais especializados em grandes empresas ou até setoriais. “Sempre com o objetivo do lucro. Se os atacantes estão cada vez mais sofisticados e organizados, também o teremos de estar. Neste momento o cibercrime continua a crescer e ainda vai à frente”. E compensa.
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