Os desportos eletrónicos, conhecidos universalmente como eSports, já são bem mais aceites na sociedade atual, mas ainda assim, considerado um tema à parte, quando se compara às modalidades físicas convencionais. Veja-se por exemplo o sonho de introduzir os eSports nos Jogos Olímpicos, o que tem separado conservadores e vanguardistas no seu do Comité Olímpico Internacional.
Embora a edição que se realizou no Brasil em 2016 fosse introduzida como um evento à parte, dificilmente fará parte integral nos olímpicos de 2020 na China, visto que os jogos mais populares das modalidades eletrónicas sejam motivadores de violência, algo que vai contra os principais valores do certame desportivo. Mas o facto de a China ser um dos principais polos de eSports do mundo, poderá ser uma oportunidade para se quebrar esta barreira.
Serviu a introdução para situar a importância dos desportos eletrónicos na sociedade, na indústria competitiva e do entretenimento, e nos valores associados. Os eSports deixaram de ser uma simples reunião de amigos e conhecidos que se encontravam online ou em LAN Parties, locais de convívio e competição em espaços físicos. A indústria dos eSports já mexe com milhões de dólares e arrasta multidões para as arenas desportivas, um pouco por todo o mundo.
O desporto digital cresceu, e isso é visível também em Portugal. Há 10 anos eram organizados eventos como a XL Party, realizados em diferentes pontos do país, do Porto a Lisboa, com pequenos torneios amadores e simbólicos, e mais tarde incluídos no programa da Lisboa Games Week (evento anual dedicado à cultura dos videojogos). Agora, os entusiastas vão receber o MOCHE XL eSports, aquele que se espera ser o maior evento de desportos eletrónicos em Portugal, a realizar-se no Altice Arena, no coração do Parque das Nações.
O evento vai decorrer no fim de semana de 9 e 10 de junho e demonstra não só a maturidade e evolução do eSports em Portugal, mas também da E2T, a mesma empresa responsável pela XL Party e Lisboa Games Week, segundo o seu fundador Pedro Silveira. “Passámos de uma festa juvenil para eventos profissionais que abrangem um público mais vasto”, refere o organizador em exclusivo ao SAPO TEK.
O evento MOCHE XL eSports será totalmente dedicado às competições de videojogos, mas embora o foco sejam os eventos profissionais, Pedro Silveira explica que todos os fãs podem aparecer para participar em torneios mais descontraídos. “Será um fim-de-semana para ver os melhores a competir, mas também para jogar com os amigos”, refere o empresário reforçando que este será o primeiro grande certame dedicado aos eSports profissionais no país, com esperança de se repetir anualmente.
Embora seja a primeira edição de um evento com estas dimensões, o projeto é ambicioso nas palavras do seu organizador: “obviamente que iremos adaptar o evento às necessidades do público português, mas vamos fazer do Moche XL eSports uma das paragens obrigatórias das competições de eSports da Europa”.
Até porque em jogo está um apetecível “Prize Money” de 100 mil dólares, a ser distribuído pelas competições nacionais e internacionais do evento. “Nas competições internacionais tem havido qualificadores nacionais e apenas as melhores equipas e os melhores jogadores nacionais poderão participar”, explicou Pedro Silveira, referindo que embora as competições nacionais sejam abertas a todos, há uma restrição no número de equipas inscritas.
Apesar do interessante prémio monetário atrair algumas das melhores equipas, aquelas que participam nas melhores competições internacionais disputam valores acima dos 300 mil dólares, até ao milhão de dólares. Mas a organização garante a presença dos melhores jogadores de FIFA e Counter-Strike: Global Offensive (CS: GO), dentro do TOP 20 mundial.
Traçando o estado atual dos eSports em Portugal, Pedro Silveira afirma que existe um crescimento acelerado para acompanhar o que se está a passar em todo o mundo. E isso é por exemplo visível nos clubes desportivos portugueses que estão a criar as suas secções de eSports, como por exemplo o Sporting Clube de Portugal, o Estoril, o Paços de Ferreira, o Boavista entre outros, que se juntam aos tradicionais clãs com equipas famosas como os K1ck, FTW e os Grow uP eSports, para referir alguns.
Pedro Silveira refere que o Sporting vai estar presente para participar nos torneios de FIFA, destacando a participação dos clubes tradicionais nos desportos eletrónicos. O investimento dos clubes nos eSports está alinhado com o panorama internacional, onde é possível ver emblemas de futebol como o Besiktas, o Schalke 04, o Manchester City, o Ajax, o Paris Saint-Germain e o Wolfsburg, mas também equipas de basquetebol como o Philadelphia 76ers e de hóquei como o IFK Helsinki.
Segundo o responsável, já foi criada uma Federação Portuguesa de eSports, a Fepodele, e existem competições disponíveis durante todo o ano. E já há jogares que vivem exclusivamente de rendimentos obtidos nos eSports, embora os melhores estejam em equipas estrangeiras, sendo autênticas estrelas no panorama nacional. Exemplo disso é o Ricardo Pacheco, conhecido como o “Fox”, uma espécie de Cristiano Ronaldo do CS: GO, assim como o João Ferreira “KillDream” no mesmo jogo. Portugal tem mesmo um campeão do mundo em FIFA, Francisco Cruz, conhecido como “Quinzas” que ao serviço do Sporting deverá marcar presença no Moche XL eSports.
Até à data de publicação deste artigo a organização ainda não tinha divulgado os nomes das equipas e jogadores presentes no evento. No entanto, os jogos em disputa serão realizados maioritariamente no PC, como o CS: GO e FIFA, assim como torneios de League of Legends (LoL), e outros títulos igualmente lançados nas consolas que serão utilizados em minitorneios. Gran Turismo, Clash Royale, Rocket League, Call of Duty, Playerunknown's Battlegrounds e Fortnite são jogos que estão listados no site oficial do evento que vão também receber competições. “Até mesmo jogos da velha guarda, como o Sensible Soccer, farão parte do calendário de competições”, conclui Pedro Silveira.
Para organizar um evento com a envergadura do Moche XL eSports, e utilizar um dos principais palcos nacionais, como o Altice Arena, foi necessário o essencial apoio dos patrocinadores. “Terá de ser feito um grande investimento para que depois o evento seja autossustentável”, refere o empresário. E é neste cenário que vemos marcas de renome, de áreas díspares, a apostar no evento, como a Altice que garante o recinte e a sua marca Moche, assim como as tecnológicas Asus, Huawei, PlayStation, Lenovo, Nintendo, passando por outras áreas diversas como a RTP, Mercedes, Fnac, Blue, Gillette, Active Bank, Randsdad, e a lista continua, num reconhecimento da importância dos eSports em Portugal.
A organização antecipa o sucesso do Moche XL eSports, confiando que esta será a primeira de várias edições previstas. O importante evento poderá assim no futuro juntar-se ao competitivo calendário dos eSports, servindo de chamariz aos principais nomes do meio. O preço dos bilhetes é de 15 euros, válido para os dois dias. Veremos se no fim-de-semana de 10 de junho – Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas, Portugal encontre a nova Rota do Oriente, neste caso, no Parque das Nações…
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