Os responsáveis da cidade de Kumamoto, no Japão, estão preocupados com os crescentes níveis de absentismo no ensino básico e médico. Números do município indicam que no último ano letivo 2.760 crianças deixaram de ir à escola por problemas físicos ou psicológicos, em muitos casos despoletados com a pandemia.

O número duplica os valores registados em 2018 e levou o comité para a educação da cidade, a apresentar uma proposta original para tentar cativar quem assiste às aulas a partir de casa. O ensino à distância já tinha sido uma aposta reforçada, para responder ao problema do absentismo. A partir de novembro, se esta nova proposta for aceite, nas salas de aulas, além de professores e alunos, vão estar robots que vão poder ser comandados à distância por jovens que assistem às aulas a partir de casa.

Os robots vão ser equipados com câmaras, microfones e altifalantes, para que os estudantes à distância tenham a possibilidade de interagir com quem está nas aulas, mas também para que possam ver e ouvir o que se passa na sala de aula, como se lá estivessem.

Os robots, que terão cerca de 1 metro de altura e rodas, vão poder movimentar-se dentro da sala de aula e fora dela, no espaço da escola, sob as ordens dos alunos à distância que os usarem, e que vão interagir com eles através de um tablet.

Os promotores do projeto acreditam que esta pode ser uma forma de motivar o interesse dos alunos ausentes com problemas de stress, ansiedade ou outros distúrbios emocionais, a voltarem à escola, ao aproximar a realidade da sala de aula de cada um deles.

"Estes robots são uma forma de reduzir os obstáculos à participação em interações [com os colegas de turma] e esperamos que isso os incentive a dar o passo seguinte [para voltarem às aulas presenciais]", sublinha um membro do comité da educação em declarações citadas pelo Japan Today.

O programa de aulas virtuais que será agora complementado com esta iniciativa foi lançado pela cidade em janeiro, para responder ao crescente absentismo na região. Esta espécie de avatares dos alunos que estão em casa, que podem agora juntar-se ao modelo se a proposta for aprovada, só serão usados pelos alunos que se sentirem à vontade para isso. Este não será um requisito obrigatório para continuar a frequentar as aulas à distância.

Até porque, a experiência avança primeiro num piloto de pequena escala, apenas com dois robots que serão disponibilizados às escolas que os peçam, nos dias requisitados. A cidade de Kumamoto tem 735 mil habitantes. Seguirá com o piloto até março, para depois estudar os resultados e decidir se o projeto segue para o ano letivo seguinte.