DSPA (Data Science Portuguese Association) foi criada em janeiro e apesar de formalmente ser uma associação, Guilherme Ramos Pereira, director executivo, admite que o modelo é mais de um movimento, já que envolve não só as empresas mas também a Academia e os profissionais de data science, explicou ao SAPO TEK. E é este "mix" que vai permitir à associação criar mais valor.

O interesse no tema já permitiu à DSPA juntar mais de 50 associados em poucos meses, mas mesmo sem fixar metas Fernando Matos, presidente da associação, explica que o objetivo é chegar a todas as organizações que trabalham na área e que têm interesse em desenvolver projetos relacionados com o tratamento e análise de dados. "É uma área muito abrangente, existe investimento de empresas portuguesas, empresas que estão a internacionalizar os seus projetos e empresas internacionais a fixar-se cá para desenvolver esta área", justifica.

Todas as estimativas colocam a Data Science como uma das grandes áreas de investimento do futuro, e uma das tendências que as empresas não podem ignorar, mas Fernando Matos defende que há ainda um grande desconhecimento sobre a forma como a análise e tratamento dos dados pode ajudar as empresas a desenvolverem o seu negócio.

Apesar de muitas tendências apontarem os dados como o novo petróleo, grande parte dos gestores não sabem como explorar a informação que é gerada na sua atividade, e isso pode fazer com que os projetos não sejam bem sucedidos. "Muitas vezes sinto desconhecimento dos gestores e do mercado [...] Algumas empresas dizem que já estão a investir, que montaram um projetos contratando um professor PHD e alguns estagiários para fazer projetos, mas não sabem nada sobre a estratégia da empresa, não têm conhecimento do negócio, não falam com os gestores e o CEO e nunca fizeram projetos naquela área... Eles só são bons com dados [...] tem de haver uma consciencialização dos gestores de que eles também têm de estudar, não para saber qual é o algoritmo mais adequado, mas pelo menos perceber qual é o potencial de usar mais dados para retirar mais insights. Se não fizermos a pergunta certa, a resposta será sempre incompleta. E com conhecimento o tipo de projetos será completamente diferente", descreve Fernando Matos.

Do ponto de vista analítico não existem dados fiáveis sobre quantos profissionais existem, ou quantos serão  necessários nos próximos anos, e sem esses dados concretos a associação não quer fazer estimativas. Mas o potencial de empregabilidade é grande e por isso a DSPA quer apostar na captação de jovens, da geração Z, mas também no trabalho com a Academia de forma a melhorar a oferta de cursos para os adequar às necessidades das empresas.

A certificação é uma possibilidade que está no horizonte, mas não é prioritária para a associação, que prefere focar-se nas parcerias com universidades também para ajudar a segmentar os vários níveis de competência e especialização dentro do amplo campo que a Data Science abrange.

A DSPA já tem várias iniciativas agendadas e em setembro vai realizar a sua conferência, na qual conta ter vários casos de sucesso de empresas portuguesas para apresentar, convidados internacionais e um estudo sobre o mercado português, que no futuro pode evoluir para um barómetro.