Começa esta quinta-feira, dia 20 de outubro, a 33ª edição do Amadora BD, o evento que anualmente reúne o melhor que se faz em banda-desenhada, de Portugal e do estrangeiro. O evento tem reconhecimento internacional e já é um palco onde grandes escritores e artistas estão presentes para mostrar os seus mais recentes trabalhos, além de proporcionarem palestras e sessões de autógrafos com os seus fãs.
Este ano, pela primeira vez no seu historial, o Amadora BD vai integrar uma área de gaming no próprio recinto do festival, através de uma parceria com a promotora MagicShot. O objetivo é criar inúmeras iniciativas que façam ponte entre os videojogos e a banda desenhada, incluindo o cosplay, máquinas arcade, realidade virtual, consolas, torneios e apresentações, entre outras.
O SAPO TEK teve a oportunidade de falar com Catarina Valente, Diretora do Amadora BD, sobre as razões de este ano integrar um espaço de gaming num evento tão único em Portugal. “Somos um dos mais importantes eventos a nível europeu e temos um grande orgulho de sermos um dos principais impulsionadores do desenvolvimento da banda desenhada em Portugal”.
Por isso, acrescenta que a sua essência vai manter-se, mantendo a BD como protagonista do Festival. “No entanto, e porque não nos podemos alhear da evolução dos gostos e preferências do público em geral, consideramos que este é o momento para diversificar a nossa oferta e introduzir novas áreas de interesse com afinidade com a banda desenhada”.
Veja na galeria algumas das exposições de Bsanda-desenhada que vão estar no Amadora BD:
O objetivo é mesmo a tentativa de conquistar novos públicos e mais jovens para o Amadora BD, ao mesmo tempo que procura demonstrar a “relevância, pertinência e atualidade do tema banda desenhada na cultura portuguesa”. O evento sofreu diversos ajustes na edição deste ano, com o Município da Amadora a decidir descentralizar o evento, que passa a ocupar três zonas da cidade: o Ski Skate Amadora Park, a Bedeteca da Amadora e a Galeria Municipal Artur Bual.
O Ski Parque continua a ser a área principal e será aqui que vai estar presente o evento de gaming, com as suas diferentes iniciativas, procurando ser do agrado tanto dos mais jovens, como do público em geral que já visita regularmente o Amadora BD, afirma Catarina Valente. Até porque considera que existem inúmeras afinidades entre os dois universos, incluindo audiências mútuas há vários anos, “basta olhar para a diversidade de videojogos que são baseados em livros de banda desenhada”. E dá o exemplo do Homem-Aranha, que este ano terá um destaque especial na Amadora BD através de uma exposição dedicada aos 60 anos da personagem da Marvel, “que há mais de 40 anos também está presente no universo dos videojogos”.
"Somos um dos mais importantes eventos a nível europeu e temos um grande orgulho de sermos um dos principais impulsionadores do desenvolvimento da banda desenhada em Portugal."
Catarina Valente diz que os universos se completam, de forma cada vez mais notória. “Durante o processo criativo, o autor de BD procura dar a conhecer traços de personalidade e características próprias dos seus personagens, através de comportamentos e atitudes que, muitas vezes, pensamos como poderiam ter reflexo na “vida real”. E acrescenta que quando os mesmos passam para o universo de videojogos, os jogadores têm curiosidade de saber como vão reagir em situações concretas e “procuramos viver de forma mais dinâmica as experiências e fantasias que já conhecemos dos livros de BD”.
Por outro lado, destaca como os videojogos já inspiraram à criação de diferentes bandas-desenhadas, como o caso de Assassin’s Creed, Cyberpunk 2077, Sonic ou The Legend of Zelda, que deram origem a novas histórias na BD.
Considerando a temática deste ano em torno do Homem-Aranha e o sucesso dos videojogos adaptados pela Insomniac Games, os fãs aguardam novidades sobre Marvel’s Spider-Man 2. Seria o Amadora BD o palco, por excelência, a mostrar novidades deste novo jogo? “Estamos ansiosos por descobrir o que teremos no novo Marvel’s Spider-Man 2. Gostávamos muito de poder dar novidades exclusivas sobre este jogo, mas, como sabe, estes temas são sempre deixados à responsabilidade das editoras”, refere Catarina Valente, mostrando-se ansiosa pelo próximo trailer de jogabilidade para saber o futuro de Peter Parker e Miles Morales.
Já a MagicShot tem vindo a mostrar-se bastante ativa nos últimos tempos na organização de eventos de videojogos, como foi o caso do Rock in Rio, e eventos em Leiria e Aveiro, procurando oferecer eventos de gaming descentralizados. “A MagicShot existe desde 2004 a promover o gaming em Portugal, sendo que já passou por várias fases na sua história: começou como uma equipa de Counter-Strike, evoluiu para uma comunidade multijogo online e após 2015, fruto de uma restruturação profunda e profissionalizante, transformou-se naquilo que é atualmente: uma agência de soluções gaming com a maior rede de eventos e ações em Portugal”, explicou ao SAPO TEK Jamil Heneni, fundador da MagicShot.
O objetivo da empresa continua a ser a promoção da temática de videojogos a nível nacional, “sobretudo nos locais de acesso mais limitados, promovendo a inclusão tecnológica das camadas mais jovens, mas também o acesso generalizado a entretenimento de última geração, democratizando e desmistificando preconceitos e promovendo esta indústria que atualmente já é maior que a da música e do cinema em conjunto”. Para tal, a MagicShot trabalha com os municípios, as marcas e festivais para criar ações conjuntas ou isoladas, das mais pequenas ativações para os maiores festivais do mundo.
Para esta primeira edição de gaming no Amadora BD, a empresa preparou áreas de experimentação, como uma arena de computadores topo de gama para jogos locais ou em rede, consolas com os títulos mais recentes, equipamentos de realidade virtual, assim como máquinas de arcade para recriar os salões dos anos 1980. Também o cosplay, como referido, vai estar presente no evento, assim como a presença de personalidades do digital para o mundo real e até pequenas competições para que o público possa ganhar brindes e recordações do evento.
Jamil Heneni salienta o feedback “fantástico” que tem recebido, ganhando cada vez mais volume, tanto a nível da expressão dos números que continuam a aumentar, pela diversidade de pública que a empresa observa, “que inclui famílias inteiras com avós a explicarem aos netos como se joga em arcadas e estes por sua vez a explicar como se joga em consola ou até mesmo em realidade virtual, seja pela elevada procura que temos registado em todas as vertentes, tanto de visitantes como da própria indústria”.
A MagicShot acredita que os conteúdos relacionados com videojogos atraem qualquer tipo de pessoa e têm um espectro bastante amplo de audiência. E com isso, a sua missão passa por criar o melhor entretenimento possível adequado e adaptado ao target dos seus parceiros.
"Famílias inteiras com avós a explicarem aos netos como se joga em arcadas e estes por sua vez a explicar como se joga em consola ou até mesmo em realidade virtual, seja pela elevada procura que temos registado em todas as vertentes, tanto de visitantes como da própria indústria".
Quanto aos espaços alocados à Amadora BD este ano, o Ski Skate Amadora Park, que se mantém como núcleo central, tem uma área de 2.100 metros quadrados, que inclui uma zona de exposição com 950 metros quadrados, que vai acolher 10 exposições de autores nacionais e internacionais; a zona comercial, que inclui os espetáculos, sessões de autógrafos e outras iniciativas tem 950 metros quadrados; e o gaming que ocupará 200 metros quadrados. Serão ainda ocupados dois pisos da Gameria Municipal Artur Bual e o espaço da Bedeteca da Amadora, na Biblioteca Fernando Piteira Santos, que vai receber a exposição Mestre do Terror, Jayme Cortez.
O evento Amadora BD começa hoje, dia 20 e dura até 30 de outubro. E a organização diz que disponibiliza um circuito integrado e gratuito entre os três espaços da exposição aos seus visitantes.
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