A tecnologia tem ajudado no combate à pandemia e agora surgem mais boas notícias, desta vez como resultado de um projeto voluntário de crowdsourcing que decorreu dum programa da IBM Cloud. Com a ajuda da capacidade de processamento de computadores doada por pessoas de todo o mundo, os cientistas identificaram 70 componentes químicos, entre 20.000 candidatos a moléculas, que agora estão selecionados para testes laboratoriais. Os dados são referentes ao período entre maio e novembro e podem levar a novas opções de tratamento da doença.

Em maio de 2020, numa outra fase da pandemia, o World Community Grid da IBM, assente na IBM Cloud, estabeleceu uma parceria com a Scripps Research e lançou o projeto OpenPandemics-COVID-19. A iniciativa recorre a técnicas de modelagem molecular para procurar compostos químicos que possam ser o ponto de partida para o desenvolvimento de possíveis tratamentos da COVID-19, mas com uma ajuda peculiar: a de voluntários.

OpenPandemics-COVID-19

Um pouco por todo o mundo, cidadãos comuns e interessados pela ciência estão a doar a capacidade de processamento dos seus computadores e smartphones a experiências levadas a cabo por cientistas. Desde maio e até novembro, com este apoio, o World Community Grid da IBM ajudou a Scripps Research a identificar 70 componentes químicos, entre 20.000 candidatos a moléculas, que agora estão selecionados para testes laboratoriais.

Em comunicado, a IBM explica que este processo de identificação avaliou quão bem a forma dos compostos para um potencial tratamento "se adequava" aos diferentes alvos da proteína viral, quando "integrados" digitalmente durante a simulação.

70.000 anos de computação doados em todo o mundo

Os voluntários da OpenPandemics realizaram até agora o equivalente a 70.000 anos de computação, o que significa que, um computador de processador único precisaria de trabalhar esse tempo para realizar os mesmos cálculos. Outro marco importante foram os 168 milhões de tarefas computacionais desde maio, uma taxa de cerca de um milhão de tarefas computacionais diárias.

E a verdade é que qualquer um pode ajudar, através de uma app do World Community Grid da IBM. A aplicação está disponível para Android, PC, Mac ou Raspberry Pi.

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Através da app, sempre que os equipamentos não estejam a ser utilizados, a capacidade de processamento pode ser aproveitada por cientistas nas investigações. Para isso, a aplicação recorre a plataforma de código aberto que conduz o fluxo de aplicações e dados pela rede distribuída de computadores do World Community Grid.

Através do World Community Grid os cientistas puderam realizar as primeiras etapas do processo de investigação enquanto o seu laboratório estava encerrado devido à pandemia.

A seleção de componentes químicos que possam ser eficazes contra o vírus que causa a COVID-19 vai continuar em 2021. A Scripps Research também está a criar um conjunto de ferramentas de código aberto de resposta rápida que pretende ajudar os cientistas a realizarem triagens digitais rápidas para possíveis tratamentos da pandemia no futuro.