Está "pronto a correr" o novo protótipo de competição da equipa Formula Student Lisboa do Instituto Superior Técnico (IST). Na sua nona versão elétrica e terceira versão com capacidades autónomas, o modelo que leva o nome de FST12 traz melhorias no design de sistemas, de forma a facilitar a transição entre os dois modos. Mas há mais novidades.

Na melhoria da integração autónoma há, nomeadamente, a aposta num novo conceito no sistema de travagem em que a força pneumática é convertida diretamente em força hidráulica, reduzindo o número de componentes necessários, explicou Dinis Ventura, team leader da FST Lisboa, ao SAPO TEK. “Com isto, houve também uma redução de volume de 68% e uma redução de massa de 32%, passando a atuação a pesar 1,3 kg”.

Também foi feita uma melhoria significativa na direção autónoma, que agora permite uma transição mais fácil entre o sistema de direção manual e autónoma. “O sistema foi alterado para um conjunto de engrenagens que permitem o desacoplamento do motor de forma rápida e simples entre provas, o que não era possível com o anterior conceito de polias e correia”.

O novo modelo conta ainda com melhorias no sistema de arrefecimento da bateria, inversores e motores, de modo a atingir melhores tempos na prova endurance, prova esta, que costuma ser a mais exigente para os protótipos.

Uma possível evolução nos futuros protótipos seria a mudança das jantes para um diâmetro menor, antecipa Dinis Ventura. "Tal resultaria na redução de perdas em termos de eficiência, como também na redução de cargas no chassis, que posteriormente fará o nosso protótipo mais leve”.

O líder de equipa da FST Lisboa destacou que o principal foco deste ano foi conseguir acabar de manufaturar o protótipo o mais cedo possível, “para conseguir fazer muitos testes com o carro e perceber como é que ele se comporta em diversos cenários com diferentes parâmetros”. Neste momento, o modelo “já tem mais de 100 quilómetros” e notam-se “grandes evoluções”, garante.

“Estamos com boas expectativas para as competições, mas sempre cientes de que ainda temos muito trabalho pela frente e de que vamos enfrentar muito boas equipas”.

Voltando a contar com o apoio da Celfocus, o veículo irá representar o Instituto Superior Técnico na segunda edição da Formula Student Portugal, de 31 de julho a 6 de agosto, em Castelo Branco, na Formula Student Spain, de 7 a 13 de agosto, no Circuito da Catalunha e, na prestigiada Formula Student Germany, de 14 a 20 de agosto, no Circuito de Hockenheim.

Em 2022, o modelo construído pelos alunos do IST conseguia atingir os 130 km/h e estava equipado com quatro motores elétricos AC com diferencial eletrónico.

Veja na galeria imagens do FST11

A bateria do FST11 era composta por células lítio-cobalto com uma capacidade de 7,6 kWh e tinha uma caixa de proteção foi produzida em materiais compósitos.

FST Lisboa a criar protótipos de competição desde 2001

A FST Lisboa é constituída por 50 alunos de seis cursos diferentes, entre os quais Engenharia Aeroespacial, Mecânica, Informática e Eletrotécnica. A equipa foi criada em 2001, com o desenvolvimento do primeiro protótipo e conta com 12 modelos, totalmente construídos pelos alunos dos cursos da instituição de ensino e depois colocados à prova em torneios internacionais dedicados ao tema.

Dinis Ventura aponta três características partilhadas por todos os membros e Alumni da FST Lisboa que os leva a querer entrar para a equipa: “a vontade de aprender, pôr as ‘mãos na massa’ e produzir resultados, a vontade de trabalhar em equipa para um fim muito bem definido e, por último, mas não menos importante, a paixão pelo automobilismo”.
tek equipa FST12
Equipa FST12 créditos: FST | IST

Ingressar num projeto deste tipo é “extremamente importante para o desenvolvimento de um estudante”, não só em termos de aprendizado técnico como também a nível pessoal, sublinha.

“Cada vez mais as empresas dão valor a este tipo de experiência, o que se nota pelo alto grau de empregabilidade de ex-membros da equipa”.

A Formula Student é uma competição que já conta com 44 anos, reunindo anualmente mais de 600 equipas de mais de 20 países diferentes. As provas são tanto de carácter estático como dinâmico, exigindo às equipas não só desenvolver um protótipo fiável, mas também saber justificar as decisões a nível de design, custos e manufatura tomadas durante toda a época.