O Observatório de raios-X XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA), detetou um comportamento que já se previa ser uma realidade, mas que nunca tinha sido efetivamente observado. A deteção de gás quente num dos maiores clusters de galáxias do Universo, o Perseus, foi anunciada pela ESA.

De acordo com a ESA, os clusters de galáxias são "os maiores sistemas do Universo unidos graças à gravidade". Os clusters contêm centenas de milhares de galáxias e grandes níveis de gás quente, conhecido como plasma, que pode alcançar temperaturas de cerca de 50 milhões de graus celsius e brilha intensamente em raios-X.

Ainda assim, muito pouco se sabe sobre a movimentação deste gás quente. Por isso, a ESA considera que "a exploração dos seus movimentos pode ser a chave para compreender de que forma os clusters de galáxias se formam, evoluem e comportam".

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Na publicação da agência europeia, o principal autor do novo estudo, Jeremy Sanders, explica que a equipa selecionou dois clusters de galáxias "próximos, excecionalmente grandes, brilhantes e passíveis de serem bem observados": Perseus e Coma. E, pela primeira vez, foi observada a forma como o plasma se movimenta, nomeadamente com informações relacionadas com a velocidade, adianta o especialista do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, na Alemanha.

A equipa de cientistas detetou sinais diretos de movimentação de plasma, "fluindo, espirrando e espalhando-se pelo aglomerado" no cluster de galáxias Perseus. Este cluster é um dos mais maiores do Universo e o mais brilhante no que diz respeito a raios-X e, embora este movimento tenha sido previsto teoricamente, nunca tinha sido efetivamente visto antes, explica a ESA.

 ESA 2020
ESA 2020 Simulação do movimento de gás quente no cluster de galáxias Perseus

E qual a causa deste movimento? A equipa acredita que esteja relacionado com a colisão de clusters de menores dimensões e que se fundiram com o principal cluster de galáxias. "Esses eventos são enérgicos o suficiente para destabilizar o campo gravitacional de Perseus e dar início a um movimento de agitação que irá durar muitos milhões de anos antes de se estabelecer", explica a ESA.

A descoberta foi possível através de uma nova técnica de calibração integrada na European Photon Imaging Camera (EPIC) do observatório XMM-Newton. De acordo com a ESA, esta tecnologia "melhorou a precisão das medições de velocidade da câmara", elevando as capacidades da XMM-Newton para um "novo nível".

Já o mesmo tipo de movimentos de plasma não foi detetado no cluster de galáxias Coma. Neste caso parece ser um cluster composto por dois subclusters que se estão a fundir lentamente.

ESA 2020
ESA 2020 Cluster de galáxias Coma

Numa semana "rica" para a ciência, a NASA revelou esta quinta-feira que o primeiro foguetão SLS (Space Launch System) já está construído, nas instalações da Agência Espacial em Nova Orleães. A equipa liderada por Jim Morhard prepara-se agora para uma maratona de testes, com o objetivo de fazer a prova final antes do lançamento do programa Artemis, que visa o regresso à Lua.