Depois de uma passagem agressiva em fevereiro, o ciclone tropical Freddy voltou a atingir o sul de África, provocando chuvas torrenciais e inundações e deixando um rasto de destruição em países como Maláui e Moçambique.

O Freddy, que se formou a 4 de fevereiro no norte da Austrália, é agora considerado como um dos ciclones tropicais mais duradouros, tendo batido o anterior recorde de 31 dias estabelecido pelo furacão John em 1994, e imagens de satélite mostram a evolução do fenómeno.

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Como avança a Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês), no início de fevereiro, depois de ter sido detetado por um dos seus centros regionais na Austrália, o ciclone avançou pelo Oceano Índico, afetando as Ilhas Maurícias e da Reunião no percurso até Madagáscar, num tipo de percurso descrito pela organização como “muito raro”.

A 21 de fevereiro, o ciclone atingiu a costa leste de Madagáscar, seguindo depois para Moçambique nos dias seguintes, onde as chuvas torrenciais causaram inundações. No vídeo que se segue, partilhado pelo Cooperative Institute for Research in the Atmosphere (CIRA) é possível observar o percurso do ciclone Freddy entre os dias 24 e 27 de fevereiro

Veja o vídeo 

À medida que o ciclone continuava a fustigar o sul do continente africano, a NASA partilhou uma animação, realizada a partir de dados recolhidos pelo satélite IMERG que mostra o percurso percorrido entre os dias 6 de fevereiro e 6 de março, assim como os níveis de precipitação registados.

O fenómeno foi também captado pela rede europeia de satélites Copernicus, com o Sentinel-3 a registar a passagem do ciclone tropical ao largo da costa de Moçambique a 11 de março.

Como avança a Lusa, citando dados do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD), o número de mortos causados pela nova passagem do ciclone por Moçambique subiu para 10. De acordo com estimativas do INGD, mais de 20 mil pessoas afetadas pelo fenómeno foram acolhidas em centros de abrigo, embora o número total de habitantes impactados possa ser superior.

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Estima-se também que mais de 800 casas precárias tenham sido destruídas, com outras mil habitações a sofrerem prejuízos devido ao ciclone Freddy. Além de 14 unidades sanitárias danificadas, e de condicionamentos em nove troços de estrada, o fenómeno comprometeu o fornecimento de energia a 116.000 clientes da Eletricidade de Moçambique.

Já no Maláui, cujo Governo decretou estado de calamidade em várias zonas do sul do país, foram registados desde domingo, pelo menos, 99 mortos, avança a agência Lusa. Segundo dados oficiais, 85 mortos foram registados só na região de Blantyre, onde 134 pessoas também ficaram gravemente feridas. Estima-se ainda que mais de 10.000 pessoas tenham sido afetadas pelo ciclone no país.