No ano passado, os gastos dos consumidores com aplicações móveis cresceram 3%, para 171 mil milhões de dólares, na Apple Store e Google Play, segundo a Data.ai, que junta a esta contabilidade o movimento gerado pelas lojas de aplicações não oficiais da China nas duas plataformas, iOS e Android.

O tempo passado a usar aplicações móveis também cresceu, em média 6%, para um total global de 5,1 biliões de horas. Qualquer coisa como 5 horas por dia, tendo por base a análise de dados nos 10 principais mercados do segmento e com o contributo destacado de aplicações como o YouTube, WhatsApp, Facebook, TikTok, Chrome, Instagram ou Netflix.

Outra das conclusões interessantes da análise (State of Mobile) é o facto dos gastos com apps que não são jogos continuar a convergir para os valores despendidos pelos utilizadores em jogos móveis, que durante anos foram o grande motor de receita da chamada economia das apps.

A contribuir para esta mudança estão um conjunto de novas aplicações com bons argumentos para que os utilizadores paguem por elas, é um facto, mas está também o sucesso de “campeões de audiência” antigos, que têm vindo a apostar em força na monetização. Principal exemplo: o TikTok, que voltou a bater recordes em 2023. Foi a app mais descarregada e também aquela que mais ajudou a gerar receitas. Só não conseguiu destronar o Facebook no ranking das apps onde os utilizadores passam mais tempo.

Os gastos com apps que não são jogos cresceram 11% para 64 mil milhões de dólares, com o entretenimento a ficar com a maior fatia deste bolo e 1,7 mil milhões de dólares em receitas.

Os jogos renderam no ano passado menos 2%, para um valor total de receita de 107 mil milhões de dólares. O número de downloads de apps de jogos manteve-se estável e atingiu os 88 mil milhões.

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Num ano em que a despesa com aplicações móveis voltou à trajetória de crescimento, depois de em 2022 ter caído pela primeira vez desde que as contas são feitas, os números também mostram ainda que o número de downloads de aplicações pouco se alterou face a 2022. Cresceu 1%, para 257 mil milhões. Treze aplicações conseguiram faturar mais de 1.000 milhões de dólares, um grupo onde se incluem Royal Match, Google One, Max ou Gardenscapes.

Por países, foi no Brasil que os consumidores mais gastaram em aplicações móveis. Seguem-se Indonésia e Rússia. A China lidera de longe em número de downloads.

O estudo da Data.ai também sublinha que a inteligência artificial, nesta como noutras áreas, acabou já por ter uma presença e um impacto importante no segmento. O número de apps a utilizar tecnologias de IA generativa multiplicou-se por sete em 2023, ano em que a despesa com publicidade nos ecossistemas móveis também cresceu: 7,5%, para 362 mil milhões de dólares,

Em 2024, a Data.ai estima que a despesa com publicidade em apps avance mais 11%, para 402 mil milhões de dólares. Outro destaque para 2024 será a capacidade de monetização das apps sociais, que deverá crescer 150%, para atingir receitas de 1,3 mil milhões de dólares.