Tendo em conta os tipos de utilização que podemos imaginar numa sala de aula – e respondendo à questão que deixamos no lançamento da análise deste Chromebook Tab 10 da Acer –, é muito provável que este tablet reúna efetivamente as condições para ser um bom apoio ao estudo.
Dizemos isto porque assim que agarrámos no equipamento percebemos que se trata de um “normal” tablet com ecrã de 10 polegadas, dimensões e peso a condizer com essa dimensão de ecrã (238,2 x 172,2 mm e 550 gramas) e um design bastante apelativo baseado numa cor azul cobalto texturada. Espessura de 9,98 mm, tida como comum neste segmento.
Mas a apetência que a marca atribui a este modelo para as salas de aula está patente noutros três pontos bastante diferenciadores face ao que conhecemos do segmento de tablets de 10 polegadas (e em todo o espectro de tablets, com vendas em queda contínua de momento): a caneta digital com tecnologia Wacom que pode ser arrumada dentro do corpo, a boa resolução do ecrã tátil (2.048 x 1.536 pixéis) e a compatibilidade com a plataforma Google Expedições através de realidade aumentada (RA). Ah, e o sistema operativo Chrome OS. Mas já lá vamos.
O mais importante agora é explicar que este modelo é especial por ser o primeiro tablet a trazer de raiz um sistema operativo Chrome OS. E explicar a razão pela qual a Google afirma que com a plataforma Expedições “as salas de aula não têm limites”.
Simplesmente, porque esta plataforma é uma base de dados incrível de conteúdos preparados para serem vistos em realidade aumentada e/ou virtual. E que se subordinam aos mais variados temas e áreas de conhecimento e educação, apenas para referir duas grandes esferas agregadoras do que podemos encontrar aqui.
Seriam precisas horas e centenas de linhas para listar ou descrever todo o rol de conteúdos educativos existente no Google Expedições. E a relação com o estudo e com as salas de aula está no facto da plataforma conseguir, através de realidade aumentada, levar os alunos em verdadeiras visitas de estudo virtuais, tal como trazer para dentro da escola imensos conteúdos também virtuais (em português e noutras línguas).
Para que se entenda melhor, aceder ao Google Expedições (a app está disponível para Android, que neste caso funciona sem problemas no Chrome OS) é “obrigatório”. E podemos dar apenas dois exemplos rápidos de como é possível aprender de forma interativa com esta app (e com a app ARCore da Google, que também tem de estar instalada.
Ao abrirmos a app (em português), são muitos os conteúdos agrupados por temáticas que encontramos. Tendo algo em vista devemos usar a pesquisa, mas no nosso caso optámos por uma visita guiada ao mundo antigo de Roma: com recurso a realidade aumentada, depressa surgiu o famoso Coliseu em cima da mesa da nossa sala, o ponto para onde apontava a câmara principal deste tablet da Acer. As imagens “projetadas” são acompanhadas de muita informação pertinente.
Fizemos depois o mesmo com um conteúdo que explica como funciona o sistema linfático do ser humano, com outro que permite fazer experiências de química e ainda com outro que nos mostra como é constituído um tubarão por dentro e por fora. Ou seja, quando antigamente os suportes ao ensino na sala de aula eram baseados em livros, slides projetados e nalguns casos vídeos, hoje os universos das realidades virtual e aumentada mudam o “jogo”. Quem mais ganha é o aluno.
Mas para isso é preciso que esteja presente um dispositivo compatível como o é este Chromebook Tab 10 (e muitos outros terminais móveis). Nesse sentido, e sobre este modelo em particular, as câmaras instaladas são essenciais ao processo. E quase mais vale usá-las apenas para isso mesmo, já que são unidades que estão muito longe do que de melhor há em smartphones e tablets nos dias que correm.
A câmara frontal tem 2 MP e grava a 720p apenas, dando para o gasto nas videochamadas. Já a unidade traseira tem 5 MP, faz Full HD, mas pode esquecê-la para fazer fotos… O microfone cumpre a sua missão, apenas.
A importância da "caneta digital"
O segundo ponto determinante para vermos este Chromebook Tab 10 como um tablet indicado para a escola é a caneta digital incluída no pack. Com produção da Wacom, reconhecida marca na área das mesas de desenho digital, esta Acer Active Pen tem apenas 2,8 gramas (99,4 a 6,2 x 5,5 mm) e baseia-se na tecnologia de ressonância eletromagnética (EMR), um sistema que mede e avalia constantemente a força exercida no ecrã, conseguindo também aferir a posição certa do item que lhe está a tocar.
O desempenho é bastante bom, pelo que tivemos oportunidade de experimentar, e a relação entre esta acessório e o ecrã tátil é fantástica. Certamente um estudante não utilizará este tablet para efetuar desenhos artísticos, mas de qualquer forma estão na caneta 4.096 pontos de pressão e uma excelente forma de manusearmos tudo o que queremos que apareça no ecrã do Tab 10. Útil, especialmente na escola e no trabalho.
Neste seguimento, o ecrã também se porta bem neste tipo de utilização, apesar de estarmos sempre a pensar que um ecrã maior poderia ser mais pertinente num ambiente didático. Mas aqui o critério tem também de ser a portabilidade, pois quanto maior o tablet, mais difícil é de transportar dentro da mochila.
A já referida resolução do ecrã é uma vantagem clara, sem dúvida, especialmente se a ideia é utilizar uma caneta digital, como é o caso. No exterior notamos alguns reflexos comprometedores no desempenho deste ecrã IPS, que, para sermos exatos, tem apenas 9,7 polegadas. A jogar, a ver vídeos no YouTube e a aceder à internet tudo corre visualmente bem, sem grandes surpresas.
O primeiro da “espécie”
Diz a Acer que este é o primeiro tablet a receber o sistema operativo Chrome OS, uma plataforma que já conhecemos de vários dispositivos das linhas Chromebook da marca. Neste ponto, na verdade, não há grandes novidades que se notem e o uso diário do tablet não sai comprometido, como seria de esperar. A presença justifica-se com o facto deste sistema operativo estar especialmente vocacionado para o ensino. Está em 60% das salas de aula norte-americanas, por exemplo.
Assim, temos acesso à Play Store da Google para aproveitar todo o respetivo rol de apps móveis, sem que se notem questões relacionadas com incompatibilidades. Com a nível de recursos não existem grande necessidades vindas do sistema operativo, parece-nos também que a bateria de 4.450 mAh instalada sai beneficiada. A Acer anuncia até nove horas de autonomia, deste lado registámos um máximo de seis a brincar com realidade aumentada, a jogar, a ver vídeos no YouTube e a navegar na Web. Sempre com o Wi-Fi ativo e um emparelhamento por Bluetooth com uma pequena coluna portátil do género.
Já falámos do exterior deste tablet, que apesar de não desiludir está um pouco longe do que alguns concorrentes fazem neste segmento das 10 polegadas (para o preço de 369 euros nem está mal…). Resta falar do que está no interior da máquina e que garante um desempenho de gama média, digamos assim.
Antes disso, contudo, deixamos alguns pormenores “exteriores”: a porta USB-C, a ligação de 3,5 mm, o sistema de som (45 W) que se baseia numa coluna física de cada lado do tablet e o leitor de cartões de memória micro SD (até 128 GB) que expande a memória interna de 32 GB. Em termos de armazenamento, deverá ser suficiente.
Não existe versão com 4 G e/ou NFC, mas o “recheio” conta com 4 GB de memória RAM, com um chip gráfico Mali-T864 e com um processador OP1 com oito núcleos (dual-core ARM Cortex-A72 e quad-core ARM CortexA53, até 2,0 GHz). Isto na versão D651N-K7QH. Mas, feitas as “contas” finais, o desempenho médio do Acer Chromebook Tab 10 nem é o mais importante.
O tablet vale como um “todo” que por um preço não muito elevado pode ser usado pelos mais novos para todo um tipo de uso normal, refira-se. Mas este conceito banal (e hoje pouco apelativo) é acrescido de uma especial vocação para o apoio ao ensino que a Acer aqui “imprime” com a inclusão do sistema operativo Chrome OS, algo que não se encontra nos tablets “todos os dias”.
A ideia é boa e a “publicidade” feita à inclusão da app Google Expedições ajuda. Mas não nos esqueçamos que todo o imenso lote de recursos de realidade aumentada desta plataforma é “aberto” a todos os terminais móveis, praticamente – qualquer aluno com um smartphone de gama média no bolso provavelmente já experimentou e explorou os objetos interativos presentes na app. Serão estas as exceções quanto ao uso do telemóvel na sala de aula?
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