Por Nicolas Julia (*) 

2021 foi um ano histórico para os NFTs e para a Sorare. Se a esta altura do ano passado me tivessem perguntado, devo admitir que não teria conseguido prever uma febre dos NFTs como esta. As vendas de NFTs ultrapassaram os $10 milhares de milhões no terceiro trimestre, e a expectativa para 2021 é chegar perto dos $25 mil milhões em vendas de NFTs. Por detrás destes números, há duas narrativas que moldaram este ano:

● Arte: O mundo da arte descobriu os NFTs com o leilão da obra de Beeple vendida por $69 milhões pela Christies, derrubando a ideia de que a arte digital não poderia ser adquirida ou valorizada como a arte tradicional. Ao mesmo tempo, o mundo do entretenimento descobriu os NFTs com as PFP (imagens de perfil principalmente no Twitter) através de projetos como Cryptopunks, Bored Apes (BAYC) e muitos outros que podemos encontrar no OpenSea atualmente, comprovando que mesmo o consumidor comum dá valor à aquisição de obras de arte digitais e abrindo um novo caminho para os criadores e artistas poderem ser pagos pelo seu trabalho na internet.

● Gaming: O sucesso incrível do Axie Infinity (com mais de 1 milhão de Utilizadores Ativos Diários) e o aumento do “play-to-earn” abalou a indústria. Em vez de pagar por itens de jogo que não têm valor na vida real, os NFTs devolvem o poder aos jogadores, dando-lhes a possibilidade de fazer trocas e
utilizar os seus itens de jogo livremente na internet.

Na Sorare, sempre acreditámos que os NFTs têm a capacidade de trazer as massas culturais à Web3, fazendo-o especificamente através da paixão pelo desporto.

Queremos construir o próximo gigante do entretenimento desportivo, ajudando os biliões de adeptos desportivos a fazer parte do seu jogo e passarem de espectadores a partes interessadas.

Acho que é importante pensarmos no que aí vem. Isso ajuda-nos a mapear o nosso percurso e a pensar em como construir um ecossistema de gaming desportivo melhor para todos. Estas são as minhas principais previsões para o que irá acontecer nas 3 indústrias em que a Sorare se insere: NFTs, Gaming e Desporto.

1. NFTs para aceder a experiências

Os Tokens Não-Fungíveis (NFTs) podem ser usados para representar qualquer coisa: obras de arte, itens de jogo, bilhetes para jogos, acesso a experiências sociais. No próximo ano, veremos mais NFTs no nosso dia-a-dia, ajudando os seus proprietários a aceder a experiências físicas.

Neste momento, quem é proprietário de um Bored Ape faz parte de um clube que lhe permite participar em certos eventos. Na Sorare, se tem um LaLiga Ticket Edition NFT, pode assistir presencialmente a um jogo da La Liga com ele. Se era dono de um Gerard Piqué LaLiga Ticket Edition, tinha a possibilidade de assistir ao Clasico como VIP, fazer uma visita guiada ao estádio e ir aos bastidores. De facto, eu prevejo que iremos ver um grande evento desportivo – seja o Super Bowl, a final da Liga dos Campeões da UEFA ou do Mundial da FIFA – a usar NFTs como bilhetes.

As oportunidades são infinitas e eu acredito que os NFTs irão ajudar a criar ligações entre o mundo digital e o mundo físico, desde o desporto com a Sorare, à música e concertos e muitas outras indústrias. Pretendemos investir nesta área e construir NFTs que darão acesso a experiências desportivas.

2. 50% das aplicações descentralizadas utilizarão ZK-Rollups até ao fim do ano
Os Rollups estão prontos para se tornar a solução de escalabilidade para todos os blockchains. Com um número crescente de utilizadores, a escalabilidade é um dos principais obstáculos para a adoção em massa da tecnologia blockchain. Os Rollups são soluções híbridas pois movem transações fora da cadeia principal, mas mantêm alguns dados por transação nela. Isto está a ser implementado com a Ethereum para já, mas prevejo que todos os blockchains começarão a adotar a tecnologia Rollup,
incluindo Solana, Flow, Cosmos, etc. de forma a conseguir maior privacidade e escalabilidade – um pré-requisito para qualquer aplicação que pretende atrair milhões de utilizadores.

Há uma comunidade cada vez maior de apps descentralizadas, ou “dapps”, a utilizar Rollups (veja aqui) mas acredito que 2022 será o ano de lançamento para a tecnologia ZK. Esta é uma tendência de infraestrutura a longo prazo que ajudará a levar as aplicações de blockchain a centenas de milhares de utilizadores. Para mais contexto, o nosso engenheiro-chefe de blockchain Pierre explicou porque é que escolhemos os Rollups e a Starkware para construir a nossa infraestrutura.

3. Empresas de gaming tradicionais irão experimentar os NFTs
Com o aumento dos criptojogos, é de esperar muito mais ação das empresas de gaming tradicionais no mundo dos NFTs. Isto poderá traduzir-se no lançamento de NFTs por uma empresa de gaming num jogo com dezenas de milhares de utilizadores ou num aumento de fusões e aquisições entre empresas de gaming e jogos Web3.

Também poderemos muito bem ver mais Estúdios Web3 como a Sorare a investir em empresas tradicionais para estimular a interoperabilidade entre jogos ou recrutar talento. Eu acredito que os estúdios de criptojogos conseguirão mover-se mais rapidamente que os restantes. Se pertence a uma empresa tradicional de produção de jogos com vontade de construir o futuro da indústria de gaming, junte-se a nós. Temos mais de 50 vagas abertas.

Mais à frente, acho que veremos mais interesse das empresas tradicionais de gaming em experimentar jogos interoperáveis, trazendo propriedade intelectual externa ao seu universo e vendo se existe um caminho para jogos interconectados que colocam o jogador no centro da experiência. Poderá demorar anos, mas a interoperabilidade é uma causa que vale a pena para gamers e produtores de jogos. Ter a possibilidade de pegar em itens de jogo ganhos ou comprados e passá-los de um jogo para outro traz muito mais valor para os jogadores, e para os produtores de jogos cada novo caso de uso acrescenta valor para o ativo subjacente, aumentando a sua utilidade e liquidez
por toda a internet.

4. Os NFTs serão os tijolos do Metaverso
Se uma grande parte das nossas vidas futuras será passada num mundo global, virtual e interconectado (o metaverso), então os NFTs serão alguns dos principais blocos de construção para tudo nesse mundo.

Com o desenvolvimento de Metaversos centralizados vs Metaversos descentralizados, os utilizadores irão aperceber-se ainda mais do valor de serem verdadeiros proprietários dos seus ativos. Com um Metaverso centralizado, as pessoas criam conteúdos e jogos que são detidos pela entidade centralizada por detrás do Metaverso. Num metaverso descentralizado, qualquer conteúdo ou jogo construído pelas pessoas será propriedade dessas mesmas pessoas. A diferença será óbvia. Eu
prevejo que mais plataformas sociais irão adotar os NFTs à medida que se mudam para o metaverso, o que requer uma economia funcional que opere entre plataformas.

5. O aumento dos NFTs ajudará a promover o desporto feminino
O desporto feminino tem sido historicamente sub-representado, subestimado e subvalorizado. Nós acreditamos que os NFTs podem acelerar de forma significativa o desenvolvimento do desporto feminino ao fornecer aos adeptos uma linha direta de apoio às suas equipas e jogadoras preferidas, trazendo ao mesmo tempo as comunidades maiores de adeptos desportivos e NFTs que percebem o valor destes itens colecionáveis.

Na Sorare, temos tido a oportunidade de ver como as ligas em todo o mundo expandiram as suas bases de adeptos graças à nossa comunidade ativa. Enquanto os típicos adeptos desportivos limitam-se principalmente a torcer pela sua equipa, os utilizadores da Sorare acabam por investir nos seus jogadores preferidos pelo mundo fora à medida que constroem as suas equipas de sonho (veja exemplos aqui).

Esperamos ver o mesmo alargamento de interação acontecer aqui, com utilizadores a envolverem-se em desportos femininos que podiam até então ter ignorado. Na Sorare, estamos empenhados em mudar a maré investindo no desporto feminino e trabalhando na inclusão de mulheres nas três indústrias onde nos inserimos: NFTs, gaming e cripto.

6. As 10 principais organizações desportivas desenvolverão estratégias de NFT 
sofisticadas
Em 2021 vimos muito entusiasmo no mundo do desporto pelo cripto e esta tem sido a categoria de patrocínio com crescimento mais rápido no desporto. No entanto, o cripto e os NFTs são diferentes. E os NFTs não são um mercado, mas sim uma tecnologia.

Em 2022 veremos o entusiasmo deste ano canalizado por organizações desportivas no desenvolvimento de um conhecimento mais sofisticado sobre o poder dos NFTs na relação com os adeptos, para acrescentar valor e dar acesso a experiências. Com este conhecimento virão contratações especializadas (como Chefe de Ativos Digitais) mas também um melhor entendimento das diferenças entre os diferentes modelos de negócio de cripto desportivo bem como a distinção entre utilizadores legítimos e utilizadores não comprovados.

7. A maior parte dos NFTs falhará
Sim, 2021 foi um ano de loucos. Sim, a maior parte das pessoas continua a achar que os NFTs são apenas uma moda. Sim, como qualquer tecnologia inovadora como a internet, há uma exuberância
irracional.
À medida que entramos nas possibilidades oferecidas pela Web3 – a web descentralizada e programável – temos visto centenas de projetos novos a surgir todos os dias. Mas é importante relembrar que a Web3 não é sobre NFTs específicos, é sobre o que fazemos com ela, seja isso proporcionar acesso, capital social ou utilidade.

Eu acredito que a maior parte dos NFTs falhará da mesma maneira que a maior parte das empresas vão à falência – o entusiasmo não anula a tendência de base, e se escolher projetos com uma visão de longo prazo, conseguirá encontrar a Amazon da bolha da internet. Os NFTs ajudam as pessoas a serem proprietárias de uma parte da internet e como o nosso amigo Alexis Ohanian explica, a internet é uma máquina de cultura e um conector de comunidades. No final de contas, os NFTs fazem agora parte dessa cultura e apesar do facto de que nem todos os NFTs sobreviverão, vamos sem dúvida ver projetos que terão valor durante os próximos séculos.

Embora algumas destas previsões possam parecer ousadas ou exageradas, diria que não se trata de uma questão de “se” mas uma questão de “quando”. Se 2021 nos ensinou alguma coisa é que o poder dos NFTs está a ser adotado ainda mais rápido do que aqueles na indústria esperavam e eu mal posso esperar para ver o que 2022 nos trará. Se está interessado na tecnologia NFT e o seu impacto nas indústrias de Gaming e Deporto, temos várias vagas abertas aqui.

(*) CEO e cofundador da Sorare