Por Nuno Carvalho (*)

À medida que avançamos em 2025, o setor tecnológico continua a transformar-se a uma velocidade sem precedentes, impulsionado por inovações que estão a moldar o futuro dos transportes e o desenvolvimento de produtos digitais. As principais tendências vão muito além da digitalização, refletindo também uma revolução em sustentabilidade, automação e conectividade.

A condução autónoma está a evoluir rapidamente, com veículos cada vez mais capazes de operar sem intervenção humana em condições diversas, incluindo camiões de transporte de carga. Por outro lado, a transição para veículos elétricos também continua em destaque no mercado, impulsionada por avanços em baterias de longa duração e infraestruturas de carregamento mais eficientes. Marcas líderes no setor de transportes pesados já oferecem soluções elétricas e a hidrogénio (fuel cell) com emissões zero e com um nível de autonomia considerável. Contudo, estas tecnologias requerem não só infraestrutura adequada, mas também serviços digitais que permitam aos gestores de frotas otimizar operações, desde a gestão de sessões de carregamento até à garantia de que os veículos cumprem as suas rotas.

A conectividade, alavancada pelo 5G e combinada com Cloud e Edge Computing, está a transformar os veículos em plataformas digitais móveis. Isto permite uma comunicação mais eficiente entre veículos, infraestruturas e outros dispositivos, possibilitando, por exemplo, saber onde um veículo está em tempo real, prever necessidades de manutenção e traçar rotas otimizadas.

Paralelamente, a Inteligência Artificial e o Machine Learning desempenham um papel central na evolução do setor, desde sistemas de assistência ao condutor até à manutenção preditiva e a otimização de rotas. Além disso, estão também a transformar o processo de aquisição e operação de veículos pesados, oferecendo soluções integradas para venda, manutenção e gestão operacional. Já a IA generativa destaca-se como um motor de inovação, com impacto significativo em áreas como automação de processos, marketing e desenvolvimento de software. Esta tecnologia facilita a geração de código, revisões automáticas e otimizações que tornam os sistemas mais seguros e robustos.

Noutra ótica, no campo do desenvolvimento digital, destaca-se a metodologia DevOps que continua a moldar a forma como as empresas criam e entregam novos produtos. Ao promover ciclos de desenvolvimento curtos e uma integração contínua, DevOps garante maior eficiência e melhores resultados para os utilizadores finais. No entanto, o aumento da carga cognitiva nas equipas de desenvolvimento de software, devido à necessidade de dominar diversas ferramentas e sistemas, representa um desafio. O futuro passa por reduzir esta complexidade, garantindo que o controlo e a inovação permanecem nas equipas.

A gestão e utilização de dados são igualmente determinantes para o futuro dos produtos digitais. Com a popularização da IA generativa, a análise de dados em tempo real permitirá a concretização de tomar decisões melhores e mais informadas. Modelos como o data mesh estão a descentralizar a gestão de dados, promovendo agilidade e reduzindo a dependência de equipas centrais.

Por outro lado, a privacidade e a segurança, dos dados continuarão a ser prioridades, com regulamentações como o Regulamento Geral de Proteção de Dados, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais e práticas de proteção como o privacy by design, isto é, uma abordagem que integra a proteção de dados desde o início do desenvolvimento de sistemas ou serviços, garantindo que a privacidade é incorporada por padrão.

Outro exemplo são as ferramentas de data storytelling (combinação de dados com utilização de narrativa) que irão ganhar relevância ao traduzirem insights complexos em histórias impactantes. Paralelamente, a monetização de dados abrirá novas oportunidades de negócio, transformando informações em produtos e serviços com grande valor de mercado.

No fundo, 2025 promete ser mais um ano relevante para o setor tecnológico, nomeadamente no que respeita ao setor dos transportes e dos produtos digitais, com avanços que não só impulsionam a eficiência e a conectividade, mas que também colocam a inovação no centro das estratégias globais.

(*) CTO na tb.lx