Desde a campanha eleitoral que Donald Trump é visto como próximo da indústria de ativos de digitais, que acabou por ser uma das grandes financiadoras da campanha. Trump candidato rodeou-se de nomes com posições públicas conhecidas a favor de um ambiente económico mais permissivo e menos regulado para o ecossistema cripto.

Trump presidente prepara-se para confirmar o que todos esperam e levar para cargos importantes de decisão personalidades que parecem estar alinhadas com a sua promessa de campanha: fazer dos Estados Unidos “a maior capital cripto do planeta e a superpotência bitcoin no mundo”. Uma promessa que ajudou a alimentar a escalada de valorização da bitcoin depois da eleição, até ultrapassar a barreira dos 100 mil dólares.

Num artigo publicado esta sexta-feira, a Reuters aponta um conjunto de nomes concretos que confirmam a perceção geral e que mostram uma proliferação de responsáveis na nova administração, com uma visão muito diferente sobre a maturidade desta indústria e a necessidade de manter, ou não, um controlo apertado das suas atividades. Em causa está sobretudo a imposição de medidas que promovam mais transparência e evitem a especulação.

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A lista de novos rostos da administração americana com posições favoráveis à indústria ou com investimentos avultados em criptomoedas é extensa. Fazem parte dela nomes como Scott Besset, um milionário gestor de um fundo de investimento que afirmou ainda em julho passado que “cripto é liberdade e a economia cripto veio para ficar”. É também investidor num ETF de moedas digitais da BlackRock, estimando-se que tenha aí investimentos entre 250 mil e 500 mil dólares. Vai ser secretário do Tesouro e já garantiu que vai alienar estes investimentos.

O novo secretário do comércio, Howard Lutnick, era até agora CEO de uma corretora, que recebe comissões pela gestão de milhares de milhões de dólares de títulos do Tesouro dos EUA para a Tether, a empresa que emite a moeda estável com o mesmo nome.

Elon Musk tem posições também conhecidas sobre a Bitcoin e outras moedas digitais. É também um investidor e será o responsável por um novo Departamento para a Eficiência do Governo.

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O “czar” da nova administração para a inteligência artificial, David Sacks é outro adepto conhecido da criptoeconomia. Já passou pela PayPal, é empreendedor e investidor. Co-fundou um fundo de investimento que geria até agora e que já investiu em várias empresas do sector.

O próprio vice-presidente de Trump, JD Vance, também é um investidor em ativos digitais. Dados divulgados em julho indicavam que tinha investimentos entre os 250 e os 500 mil dólares em bitcoins.

Paul Atkins, que vai liderar o regulador do mercado de capitais, também tem defendido uma economia mais aberta ao desenvolvimento do sector cripto. Lidera uma consultora que ajuda empresas de vários setores em estratégias de valorização de ativos digitais.

Trump toma posse na próxima segunda-feira, numa cerimónia onde já se sabe que vão estar vários homens fortes da tecnologia, nomeadamente líderes das big tech. Os bilhetes para o evento vão custar entre 2.500 e 10 mil dólares.