A Sky Portugal acabou de se instalar num novo edifício em Entrecampos, num plano estratégico de crescimento até ao final de 2021. Em Portugal desde 2015, a sucursal da multinacional da conhecida rede de canais conta com 245 pessoas em Lisboa, e pretende chegar às 400 até daqui a dois anos. A empresa atua no país como um centro tecnológico, não vendendo serviços, ou planos para os próximos tempos.

No entanto, desde a sua chegada ao país que o seu contributo tem sido importante na estratégia global da empresa, formando uma equipa capaz de ajudar a Sky a construir os seus produtos e serviços, e foi crescendo, de forma orgânica, somando projetos bem-sucedidos, mantendo as encomendas para outros, explica António Vieira, Director Portugal Technology da empresa. Sendo uma empresa de televisão e tudo o que sejam plataformas e aplicações de streaming, o responsável refere que a “televisão está a passar por uma transformação, com muitos dispositivos e formas de assistir aos conteúdos, dos telemóveis, às Smart TVs.

A Sky foi adquirida em finais de 2018 pela Comcast, empresa que conta com 50 milhões de assinantes, incluindo no grupo igualmente a Universal, a NBC e a DreamWorks.

A Sky Portugal está a investir desde 2015, com um crescimento nos últimos anos, procurando pessoas que consigam oferecer produtos de engenharia. Apesar do novo edifício da Sky Tecnology Center Lisboa, a empresa já garantiu mais dois andares adjacentes no bloco ao lado, de forma a albergar 320 pessoas em 2020 e chegar aos redondos 400 no final de 2021.

E por isso, a empresa está neste momento a recrutar engenheiros. António Vieira refere que há um processo de seleção e alinhamento de expetativas, havendo grande exigência no recrutamento do pessoal. “Para desenvolver software de qualidade, precisamos das pessoas certas”, afirma. "A estratégia é encontrar as pessoas certas, e isso não existe no imediato, acrescentando que muitos dos futuros candidatos ainta estão a estudar e que há 200 pessoas para encontrar até ao fim de 2021”.

António Vieira destaca que as empresas procuram encontrar cada vez mais soluções de personalização da experiência das pessoas que assistem televisão. “Há mais conteúdo agora do que há alguns anos, e só este ano estrearam cerca de 1.400 originais, a nível geral”. Um dos problemas apontados é o facto das pessoas terem de pensar muito no que vão assistir de seguida e acabam por desistir. Por outro lado, há cada vez mais qualidade na imagem, que atualmente está no 4K, mas o 8K também já é uma realidade.

Ana Silva, responsável pelos recursos humanos, afirma que a Sky Portugal tem duas grandes preocupações: a exigência no perfil dos candidatos que querem trabalhar, o que leva a um processo complexo de recrutamento. A empresa dá preferência a pessoas que tenham u pensamento mais cultural, do que simplesmente ser muito bom engenheiro, daqueles que arregaçam as mangas e fazem as coisas acontecer. O “desenrascanço” tipicamente português é bem-visto pela empresa, ter soluções para os problemas que surgem. Um programador tem de ter um pensamento estratégico e ir mais além, afirma.

A segunda preocupação é a cultura e ambiente, assim como o bem-estar das pessoas, cultivando a proximidade, já que passam muitas horas juntas. Nas instalações a empresa oferece espaços de lazer e refeições, assim como um auditório para apresentações, mas que também se pode transformar para uma sessão de cinema, afirma Ana Silva. E a sala de jogos, onde uma banda treina, joga PlayStation, matraquilhos ou cartas.

Mulheres de armas, precisam-se!

Woman in Tech é uma preocupação da empresa, que tem como objetivo fortificar a presença das mulheres na empresa. É um problema cultural e social, refere Ana Silva mencionando que “as mulheres não aparecem”. Regista-se atualmente 5% de mulheres a candidatarem-se aos cargos de engenharia. A empresa sente a responsabilidade de fazer parcerias e tentar captar as mulheres, sobretudo na comunicação, onde procura fazer publicidade com preocupação inclusiva, de forma a captar mulheres.

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Nos tempos livros, os engenheiros viram músicos e os ensaios já começaram para a festa de Natal! créditos: joaomakesphotos.com | Joao Pedro Correia

Sinal dessa preocupação é o pensamento de que a riqueza de diversificação garante melhores produtos. Ter homens e mulheres de diferentes origens, significa que há feedback mais variado, e os produtos são mais abrangentes. Para isso, a empresa fez em 2019 uma parceria com a Portuguese Woman in Tech. Foram feitas diversas workshops ao longo do ano, técnicos e não técnicos. Trouxeram as mulheres ao escritório, e houve oradores de outras empresas. As mulheres são bem-recebidas na Sky e esta parceria vai continuar em 2020.

Atualmente, a empresa tem 25 mulheres a trabalhar na empresa, mas “são muito poucas e querem mais”, disse António Vieira.

A Sky Portugal tem ainda parcerias académicas, que para já ainda não podem ser anunciadas, devido à falta do contrato formal, mas o objetivo é passar ao próximo nível, incluindo programas de estágios. Em experiências anteriores, alguns dos estagiários acabaram por ficar na empresa. “Há cargos de relevância de pessoas que cresceram com a empresa, muitos nem executavam inicialmente esses cargos”, refere António Vieira. Há incentivo de crescimento dentro da empresa, assim como oportunidades para experimentar trabalhar em outros países dentro do grupo, de forma mais segura, invés de abandonarem o seu posto, já que o intercâmbio é importante para a Sky.

Por fim, no processo de recrutamento, a empresa afirma o respeito da vida pessoal e profissional, conferindo aos trabalhadores a autonomia para gerir o seu horário. “A taxa de natalidade dos trabalhadores da Sky é elevada, com médias de dois filhos por funcionário, que significa que as pessoas se sentem felizes a trabalhar. Quem deseja trabalhar em televisão e vídeo, não há melhor local para trabalhar, do que na Sky”, conclui António Vieira.