Os dados já apurados e as previsões para o resto do ano mostram que as vendas de telemóveis estão a abrandar. A inflação, e a instabilidade política e económica começam a retrair a procura e a tendência deve continuar, mas não afetará todos os fabricantes da mesma forma.

As previsões de analistas consultados pela Reuters indicam que a Apple vai ser a fabricante menos impactada pelos receios de uma recessão. Nas previsões de vendas para o trimestre terminado em junho, alguns analistas estimam uma ligeira queda nas vendas do iPhone 13 entre abril e junho. Krish Sankar, da casa de investimento Cowen, um dos especialistas consultados pela agência, defende ainda assim que essa queda não vá muito além de 1%, quando o mercado, como um todo, pode cair 13%, refletindo uma performance pior dos restantes concorrentes.

As encomendas para o novo modelo, que deverá entrar em produção em agosto para chegar às lojas no outono, também estão acima das encomendas iniciais para o iPhone 13. “Estão ligeiramente acima do iPhone 13 há um ano. É bom, mas não é explosivamente bom”, garantiu fonte de uma das fábricas à Reuters. Em maio, tinham surgido notícias que apontavam para encomendas de 220 milhões de equipamentos.

A posição privilegiada da Apple nos meses que se seguem deriva do facto de a empresa se posicionar essencialmente nos segmentos mais altos do mercado, menos afetados pelo impacto da inflação.

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Os dados da primeira metade do ano já dão algum sustento à teoria. Na China, em maio e de acordo com dados da Counterpoint Research, as vendas de telemóveis caíram cerca de 10%, a refletir o abrandamento do crescimento económico no país. Fixaram-se nos 96 milhões de unidades. Em quase uma década esta foi a segunda vez que ficaram abaixo dos 100 milhões.

A Apple terá sido a empresa que passou melhor por este abrandamento, num mercado que pela sua dimensão influencia em muito as vendas globais, e continua a vender bem no país. Fontes contactadas pela Reuters confirmam a tendência positiva também em julho, enquanto noutras marcas os sinais de abrandamento das vendas já são visíveis.

Uma destas fontes, ligada a uma fábrica local que produz o iPhone 13, garante mesmo que a produção do modelo está um terço acima das quantidades fabricadas em julho de 2021, uma tendência que é até pouco habitual, tendo em conta que nos meses de verão as vendas do iPhone costumam abrandar, porque os consumidores já estão à espera do novo modelo.

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Nos PCs, os números do segundo trimestre já são conhecidos e revelam uma queda nas vendas, pelo segundo trimestre consecutivo. Os dados apurados pela IDC mostram que, no período, foram vendidos 71,3 milhões de equipamentos, menos 15,3% que em igual período do ano passado.

Por fabricantes, Lenovo, HP e Dell compuseram o top 3 mundial. A Apple passou a ser quinta no ranking. Foi ultrapassada pela Acer e deixou a Asus aproximar-se, uma troca de posição que reflete as dificuldades com a produção em volume da dona dos computadores Mac no trimestre, segundo a IDC, que não prevê uma continuidade desta tendência.