
A Altice Labs juntou-se à Deimos Engenharia, Adyta, Instituto de Telecomunicações da Universidade de Aveiro e o IST em projeto europeu de defesa, com o objetivo de aumentar a segurança das redes militares contra possíveis ameaças. O projeto, ao abrigo do programa European Defence Industrial Develpment Programme (EDIDP) e do Fundo Europeu de Defesa, tem como foco o reforço das comunicações militares em cenários táticos complexos, refere o comunicado da Altice Labs.
Relativamente à participação do laboratório de tecnologia da Altice Portugal, a empresa desenvolveu uma rede definida por software, que foi aplicada à gestão e controlo de rádios táticos, em ambientes com elevada exigência, para garantir comunicações seguras. Para tal recorre ao uso chaves com distribuição quântica, uma tecnologia que protege as comunicações contra ameaças, sejam elas atuais ou futuras, referindo a uma era pôs-quântica.
O laboratório detalha que o projeto criou dois sistemas inovadores, que são essenciais para a soberania nacional, tanto em matéria de segurança cibernética, como criptográfica. Criado com tecnologia portuguesa, a máquina de cifra possibilita a distribuição de chaves quânticas, assim como nós quânticos de última geração. É explicado que a incorporação de tecnologias de Distribuição de Chaves Quânticas proporciona um nível de segurança "sem precedentes e disruptivo", oferecendo proteção contra a espionagem e garantindo uma comunicação robusta para a infraestrutura de defesa da Europa.
O projeto Discretion é referido como o primeiro a ser liderado e coordenado por Portugal nos programas de defesa europeu. Este está a ser realizado através do consórcio com as referidas empresas nacionais, e mais três estados-membros, a Espanha (Telefónica, a Universidad Politécnica de Madrid), Itália (Nextworks)e a Áustria (Austrian Institute of Technology). É apontado que o projeto é prioritário para Bruxelas no que diz respeito à cibersegurança e autonomia estratégica.
A tecnologia criada pela Altice Labs e parceiros foi demonstrada em Portugal, no Instituto de Telecomunicações de Aveiro, assim como em Bruxelas, na Representação Permanente de Portugal, com a presença do secretário de Estado adjunto e da Defesa, Álvaro Castelo Branco, é referido no website oficial, como parte de uma reportagem da RTP.
Álvaro Castelo Branco destacou que “este é um sistema que vai permitir uma enorme segurança nas comunicações entre países e também nas comunicações militares entre países – ainda mais em períodos tão conturbados como os que vivemos hoje – porque é um sistema que usa a tecnologia quântica e, portanto, dá uma enorme segurança de comunicação na União Europeia e, por consequência, tem uma importância enorme para o futuro que se aproxima”.
O Discretion permite uma forte resiliência contra eventuais ataques através de uma segurança de rede melhorada contra ameaças emergentes, como ataques cibernéticos. Uma maior agilidade e maior flexibilidade permitindo uma fácil integração de novos dispositivos e tecnologias nas redes de defesa. E a distribuição de Chave Quântica (QKD) através de canais de comunicação seguros e à prova de violação com chaves secretas partilhadas entre partes remotas através de um canal quântico, é explicado no website do projeto.
Catarina Bastos, responsável pela área de Comunicações Seguras e Tecnologias Quânticas na Deimos Engenharia, aponta que "este projeto visa desenvolver uma rede segura para as instâncias militares na Europa, portanto, é um projeto europeu, financiado pela Comissão Europeia e pelos estados-membros que nele participam, e é uma tentativa de usar as novas tecnologias que estão, neste momento, na vanguarda da cibersergurança, através do desenvolvimento de uma rede segura, que permita depois aplicações a nível da defesa".
Como funciona o Discretion?
Segundo a explicação, o objetivo é fazer a separação Red/Black das redes de Defesa, para garantir um isolamento claro da rede privada e segura no âmbito militar, representado pela Red, da internet aberta e considerada insegura, a Black, onde o possível atacante possa estar. O Discretion foi desenhado para responder aos padrões rigorosos de comunicações militares, garantindo que os dados sensíveis sejam cifrados quando são enviados por canais não seguros, ou seja, pela internet. Este utiliza máquinas de cifras nacionais que foram criadas para operar com chaves geradas por QKD, ou seja, chaves criptográficas distribuídas por redes quânticas. As chaves são usadas para cifrara comunicações em tempo real, essencial em missões críticas. Na prática, a informação crítica é protegida na zona Red, passa pela zona Black, e do outro lado, há um novo ponto de rede quântica que recebe essas chaves e consegue decifrá-las.
Para explicar um exemplo daquilo que o Discretion pode fazer, Miguel Freitas, Engenheiro de Software na Altice Labs, diz que "basicamente nós, neste projeto, tentamos trabalhar uma vertente mais prática das redes de defesa, ou seja, tentamos dar solução a um problema muito simples: atualmente, num cenário militar em que a informação é transferida via rádio, as chaves são transferidas manualmente para os dois locais, por uma pessoa dedicada". Mas essa não será a forma mais adequada em missões críticas ou urgentes em que se deve acelerar o processo, para isso deve-se conciliar as redes definidas por software. "Através do controlador SDN nós conseguimos aprovisionar essas chaves nos rádios que vão ser usados na missão definida e utilizar essas chaves para a transferência de informação cifrada".
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