O impacto do escândalo que envolveu o Facebook e a empresa Cambridge Analytica não parece ter sido relevante para os internautas que frequentam a rede social. De acordo com um estudo, conduzido em parceria entre a Reuters e a Ipsos, três quartos dos utilizadores inquiridos mantiveram-se tão, ou mais ativos na plataforma, desde que o caso veio a público.

Apesar de estar a enfrentar inúmeras pressões, por parte de autoridades regulamentares, governos, acionistas e ativistas, depois de a consultora se ter apropriado dos dados pertencentes a cerca de 50 milhões de utilizadores sem a sua expressa autorização, a tecnológica de Mark Zuckerberg não parece ter sofrido com qualquer consequência efetivamente negativa para as suas operações. A única consequência de relevo, destaca a agência noticiosa britânica, reside no caso de relações públicas, que, no entanto, não passará de uma “dor de cabeça” momentânea.

Adicionalmente, a Reuters indica que uma votação feita online, concluiu que 50% dos utilizadores norte-americanos não alterou, recentemente, o tempo médio que passa na rede social. Um quarto dos participantes afirmou estar a usar mais do que antes.

Apesar de minoritária, a percentagem de inquiridos que disse estar a usar menos o Facebook, ou que tinha até eliminado a sua conta, chegou aos 25%.

Michael Pachter, analista da Wedbush Securities, considera que o Facebook teve sorte com o facto de os dados terem sido apenas utilizados num processo de segmentação que precedeu a exibição de anúncios políticos. Se a utilização destes dados tivesse tido uma finalidade mais perversa, a perceção dos utilizadores poderia ser outra. “Ainda estou para ler um artigo que me mostre a história de uma pessoa que se sinta mesmo prejudicada com isto”, escreve. “Ninguém está efetivamente revoltado”.

Recorde-se que o caso veio a público no dia 16 de março, tendo, em consequência, despontado uma campanha online que se disseminou pelas redes sociais com o hashtag #deletefacebook. O relatório de atividade do Facebook, referente ao primeiro trimestre do ano, anunciou, contudo, que os números de utilizadores ativos mensalmente, nos EUA e Canadá (países afetados pelo escândalo) teria aumentado em dois milhões.

74% dos participantes deste estudo responderam ainda que estavam cientes das suas atuais definições de privacidade, e 78% disse que sabia como as alterar.