A OpenAI acaba de anunciar a próxima geração do seu modelo de inteligência artificial, o GPT-5. Como seria de esperar, este pretende ser mais rápido e inteligente que os anteriores, abrindo caminho para o chamado AGI (Inteligência Artificial Geral). Com o desenvolvimento rápido dos modelos generativos, as empresas continuam a fazer ajustes na mão-de-obra, substituindo vários postos por modelos de IA. Veja-se recentemente a Altice Portugal que reduziu 1.000 funcionários na adaptação à inteligência artificial. Esta prática tem sido adotada em grande escala por outras empresas tecnológicas como a Microsoft ou Amazon. 

Por muito que se fale que a inteligência artificial vai ajudar os trabalhadores a executarem as suas funções de forma mais eficaz, o certo é que em muitos casos vão mesmo substituí-los. E esse receio não é novo, fala-se desde o início da explosão desta tecnologia com o lançamento da primeira versão do ChatGPT. 

Um novo estudo da Microsoft vem atualizar exatamente quais os postos de trabalho que estão a sofrer o impacto da IA. Com o nome “Working with AI: Measuring the Occupational Implications of Generative AI”, o relatório analisou a adoção da inteligência artificial pelos diferentes trabalhadores e o possível impacto no seu trabalho. Os investigadores examinaram os dados de 200 mil conversas anónimas e protegidas de privacidade entre o seu chatbot, o Copilot do Bing e os utilizadores, num período entre janeiro e setembro de 2024. 

Uma das conclusões é que muitos dos trabalhos executados numa secretária estão em risco de serem substituídos, considerando que a IA consegue completar um número significante das suas tarefas. “Descobrimos que as atividades de trabalho mais comuns para as quais as pessoas procuram assistência de inteligência artificial envolvem a recolha de informações e escrita”. Por outro lado, as atividades que a IA está a fazer por si é oferecer informação e assistência, escrever, ensinar e aconselhar. 

Ao combinar estas classificações de atividade com as medições do sucesso das tarefas e a perspetiva de impacto, a Microsoft criou uma pontuação de aplicabilidade de IA para cada ocupação. Os investigadores descobriram que as maiores pontuações dessa aplicabilidade foram para grupos de trabalho intelectual. Entre eles a informática e matemática, mas também o suporte administrativo e de escritório. Ocupações como vendas, cuja atividade envolva o fornecimento e comunicação de informações, também estão em risco. 

Empregos em risco de substituição pela IA
Empregos em risco de substituição pela IA Empregos em risco de substituição pela IA. Fonte: Microsoft

Como se pode ver na tabela partilhada pela Microsoft, os intérpretes e tradutores são os que correm o maior risco. Seguem-se os historiadores e os hospedeiros de passageiros, no top 3 da lista. Representantes de vendas de serviços, escritores e autores (repórteres e jornalistas), representantes do serviço de apoio ao cliente, operadores de telefone, os locutores de transmissões e DJs de Rádio estão na lista no top 10. Os dois primeiros pontos são mesmo os que estão em risco, visto que são os que apresentam pontuações acima dos 90% de pontuação sobre a aplicabilidade do que pode ser feito pelo chatbot. 

Por outro lado, a Microsoft também partilhou uma tabela onde a IA pode fazer muito pouco pelos trabalhadores, ou seja, estes não estão em risco de perderem o emprego para a inteligência artificial. Os Flebotomistas são os que podem estar mais descansados, ou seja, os profissionais de saúde especializados na recolha de sangue dos pacientes para exames ou transfusões. Os assistentes de enfermagem também não devem se preocupar. Por fim, para fechar o top 3, os trabalhadores que trabalhem na remoção de materiais perigosos. Outras profissões como ajudantes de pintores, embalsamadores, cirurgiões orais, reparadores e instaladores de vidros de automóveis, engenheiros navais, reparadores de pneus, estão nessa lista. 

Empregos com menos risco de substituição pela IA.
Empregos com menos risco de substituição pela IA. Empregos com menos risco de substituição pela IA. Fonte: Microsoft

De notar que a Microsoft não pretende levantar alarmes sobre os robots começarem já a roubar os empregos. Mas é necessário que os profissionais acompanhem esta revolução para se manterem relevantes. Numa entrevista recente, citado pela CNBC, Jensen Huang, o CEO da Nvidia diz que ninguém vai perder o seu emprego para a IA, mas sim para alguém que já usa a IA nas suas funções.