Uma empresa britânica diz ter conseguido ultrapassar alguns dos principais constrangimentos, até agora, para criar computadores quânticos eficientes e capazes de responder a problemas do dia-a-dia. Desenvolveu um chip que pode ser produzido em escala nas unidades que hoje já produzem outro tipo de semicondutores e acredita que com isto lançou as bases para que um computador quântico realmente útil possa surgir nos próximos anos.

A tecnologia é da Oxford Ionics. A companhia terá encontrado uma forma alternativa de controlar os iões confinados que asseguram a performance num computador quântico e diz que conseguiu fazê-lo com o dobro da eficácia do método usado antes (laser), alcançando o dobro da performance.

“A construção de computadores quânticos estáveis e de elevado desempenho constitui um enorme desafio. Exige a criação de qubits de elevado desempenho e uma forma de controlar esses qubits de forma escalável”, explica o comunicado publicado pela Oxford Ionics.

Apenas a tecnologia - de iões confinados - demonstrou o desempenho necessário para construir um computador quântico útil, sublinha a tecmológica. No entanto, até agora, os iões confinados eram difíceis de escalar já que eram normalmente controlados por laser.

A Oxford Ionics conseguiu eliminar a necessidade de utilizar lasers para controlar os qubits, através de um sistema patenteado de Controlo Eletrónico de Qubits. Esta nova abordagem consegue reunir tudo o que é necessário para controlar os iões confinados num chip de silício que pode ser produzido em massa, utilizando instalações e processos normais de fabrico de semicondutores.

A inovação já foi demonstrada e os testes realizados revelaram recordes face aos melhores resultados alcançados até agora com outras técnicas de controlo de iões confinados. Entre os aspetos mais importantes destes testes estão o facto de ter sido possível alcançar o dobro do desempenho sem necessidade de recorrer a métodos de correção de erros de hardware, como era necessário fazer com técnicas anteriores. Acrescenta-se, que estes resultados foram alcançados utilizando 10 vezes menos qubits, o que faz da tecnologia uma opção mais ágil e mais barata para suportar computadores quânticos. Esta escalabilidade abre portas ao uso da tecnologia para resolver problemas do dia-a-dia.

“Este é um momento incrivelmente excitante para a nossa equipa e para o impacto positivo que a computação quântica vai ter na sociedade em sentido lato”, sublinha Tom Harty, co-fundador e CTO da empresa.

Os computadores quânticos já existem mas ainda não é possível aplicar a sua extraordinária capacidade de resolver problemas complexos em poucos minutos, a muitos problemas do mundo real. Uma das barreiras estava precisamente na falta de métodos eficientes para escalar pequenos computadores para sistemas maiores e com capacidade para responder de forma mais abrangente.

A Oxford Ionics estabeleceu como próximo passo a criação de um chip de de 256 qubits que possa ser fabricado em linhas de produção existentes de semicondutores. A BBC diz que o primeiro computador quântico com a tecnologia pode surgir em três anos.

O qubit, ou bit quântico, é a unidade básica de informação usada para codificar dados em computação quântica. É uma espécie de equivalente quântico ao bit, usado na computação tradicional para codificar informações num sistema binário. É normalmente criado pela manipulação e medição de partículas quânticas, como os iões confinados, que graças às propriedades da mecânica quântica permitem armazenar mais dados do que os bits tradicionais ou realizar cálculos muito avançados. Enquanto um bit só pode existir na posição 0 ou 1, os qubits podem ocupar um terceiro estado conhecido como superposição, como explica um texto publicado pela IBM.