A Apple não venderá mais de 500 mil Vision Pro a nível mundial este ano, diz a IDC. Segundo os analistas, a Apple ainda não vendeu 100 mil unidades por trimestre, desde o lançamento nos Estados Unidos em fevereiro.

A IDC diz que as vendas destes headsets nos Estados Unidos deverão cair 75% no trimestre atual, uma quebra que se deve ao seu preço elevado, mas também às notícias de que um modelo mais acessível poderá chegar ao mercado no próximo ano.

Mesmo com a expansão internacional, as vendas vão manter-se baixas. Os óculos de realidade mista da Apple chegaram na última sexta-feira à Europa. O Reino Unido, a Alemanha e a França foram os primeiros países a ter o equipamento à disposição dos consumidores.

O preço pode ser um obstáculo à aquisição, porque na Europa os Vision Pro custam 3.999 euros, um preço mais caro que nos Estados Unidos, devendo-se aos custos de distribuição, impostos e taxas em vigor na Europa. Do outro lado do Atlântico custam cerca de 3.200 euros (3.499 dólares).

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No final de junho, a empresa liderada por Tim Cook terá informado os fornecedores de que já não está a trabalhar numa próxima versão dos Vision Pro, mas sim num headset de realidade mista mais barato, com data de lançamento prevista para 2025.

Tendo em conta os rumores sobre o modelo mais barato, a IDC acredita que com a chegada de uma nova versão do Vision Pro, as vendas possam duplicar ou mais e os analistas da Bloomberg pensam que tal pode acontecer no segundo semestre de 2025. O novo equipamento poderá custar cerca de 1.600 dólares, mas a Apple está ainda a debater que funcionalidades retirar para tornar o headset mais acessível, o que poderá incluir menos câmaras ou a utilização de processadores de smartphones.

Veja na galeria imagens de algumas apps disponíveis no Vision Pro:

A Apple e a Meta (com os Meta Quest) são as principais fabricantes de equipamentos de realidade virtual, mas o mercado é composto por largas dezenas de outras empresas. No entanto, não existe ainda um líder claro do mercado.

A Meta já está há mais tempo no mercado, mas não revela dados de vendas do equipamento. A BBC refere que poderão ter sido vendidas cerca de 20 milhões de unidades em todo o mundo. A Sony, por seu lado, diz ter vendido 600 mil headsets PlayStation VR2, para jogar os jogos da PS5, nas primeiras seis semanas após o seu lançamento em fevereiro de 2023.

A BBC recorda que a Apple quer que os seus óculos de realidade virtual e aumentada se tornem numa maneira diferente de fazer o que já se fazia: “os vídeos domésticos tornam-se tridimensionais, as fotografias panorâmicas estendem-se do chão ao teto, 360 graus à sua volta”. A Apple chama a esta potencialidade “conteúdo espacial”.

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Numa comparação que o próprio Mark Zuckerberg fez entre o Meta Quest 3 e o Apple Vision Pro, explica que o seu headset se afirma como uma melhor opção para a vasta maioria das coisas que as pessoas fazem em ambientes de realidade mista.

No entanto, os headsets de VR estão longe de ser algo ubíquo como os smartphones ou tablets. Em declarações, no mesmo artigo à BBC, George Jijiashvili, analista de mercado na Omdia, diz que apesar das vendas, muitos dos headsets são abandonados, devido, em particular, à “falta de conteúdos disponíveis” para manter o interesse aceso. Por seu lado, os programadores também não se sentem motivados para fazer os conteúdos. “É a situação do ovo e da galinha”, disse o analista à BBC.

Veja na galeria imagens de memes que circulam na Internet sobre os Apple Vision Pro:

Apesar de a Apple referir que há cerca de duas mil apps disponíveis, aparentemente não são suficientes. E também há pouca variedade de conteúdos vídeo. Plataformas como a Netflix, o YouTube ou o Spotify não estão acessíveis nos headsets da Apple.

Os conteúdos não são problema para os Meta Quest para os quais já existe “uma biblioteca robusta” de jogos, permitindo executar tarefas no desktop, tal como é possível com os Vision Pro.

Comparando a entrada dos headsets no mercado com a introdução dos smartphones em 2007, Melissa Otto, da S&P Global Market Intelligence, recorda, também à BBC, que o iPhone só se tornou popular quando começaram a surgir aplicações na App Store “acrescentavam valor às nossas vidas”. A especialista afirma que “quando as pessoas começam a sentir que as suas vidas se tornam melhores e mais convenientes, é aí que estão dispostas a dar o salto” para novas tecnologias.

Outro problema que os headsets apresentam é precisamente o seu formato e peso. Prender na cara algo que pesa meio quilo e que pode provocar náuseas não é particularmente atrativo.