Chama-se Proba-3 e é uma missão de formação em voo de dois satélites, que tem como objetivo principal observar uma região do Sol normalmente escondida.

Com lançamento previsto para ainda este ano, os dois satélites que compõem a missão vão voar numa separação precisa para lançar uma sombra no espaço, bloqueando o disco do Sol para revelar detalhes da sua “coroa” fantasmagórica, geralmente mascarada pela luz ofuscante do astro-rei.

Como todas as missões da série Proba, a Proba-3 será, antes de tudo, um demonstrador de tecnologia, explorando técnicas de formação de precisão, de modo a que futuros satélites múltiplos que voem juntos possam realizar tarefas idênticas às feitas por uma única nave espacial gigante, explica a ESA.

Paralelamente, a missão oferecerá aos cientistas que estudam o Sol uma “janela” para o segmento interno da coroa solar, uma região misteriosa porque é mais de um milhão de graus mais quente do que a superfície do Sol que rodeia.

Clique nas imagens para mais detalhe

Até agora, a melhor maneira de observar a coroa ocorreu durante um eclipse solar, embora a luz dispersa através da atmosfera da Terra seja um fator limitador. Como alternativa, os “coronógrafos” que se movem pelo espaço criam eclipses artificiais dentro dos satélites de observação do sol, como o SOHO e o Stereo, mas a luz dispersa ainda se duplica em redor dos discos de bloqueio, limitando o acesso à coroa interna mais importante.

A Proba-3 contornará o problema, uma vez que o disco do coronógrafo irá voar num satélite separado, exatamente a 150m de distância, alinhado com o Sol. Tal deverá abrir uma nova vista para regiões dinâmicas, extremamente próximas da superfície solar, onde nascem o vento solar e as erupções denominadas “ejeções de massa coronal”.

Antes de serem lançados, a equipa de cientistas que vai beneficiar das observações da Proba-3 pôde ver o par de satélites com os seus próprios olhos. Os investigadores irão testar o hardware desenvolvido para a missão durante um eclipse solar terrestre real na América do Norte, em abril próximo.

Durante cada órbita altamente elíptica de 19,6 horas, a Proba-3 poderá obter imagens da coroa durante seis horas de cada vez, a uma taxa média de uma imagem por minuto - embora seja possível aumentar essa taxa uma vez a cada dois segundos para fenómenos de especial interesse.

A ESA explica a missão num vídeo

O desafio será manter os satélites controlados com segurança e posicionados corretamente em relação um ao outro. Tal acontecerá usando várias novas tecnologias, incluindo programas informáticos de formação de voo personalizados, informações de GPS, ligações entre satélites, monitorizadores de estrelas, sensores visuais óticos e metrologias óticas para manobras de aproximação.

A Proba-3 tem lançamento previsto para setembro deste ano, pelo lançador PSLV da Índia.