O preço dos serviços de internet continua a ser um entrave a uma utilização mais generalizada e a diferença entre países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento é dramática, conclui uma pesquisa da União Internacional das Telecomunicações (ITU na sigla emm inglês) e da Alliance for Affordable Internet, que deixa perceber a distância entre a realidade e as metas traçadas pela ONU para 2025. 

O 4G é um dos exemplos flagrantes do impacto do preço no consumo de serviços. A tecnologia já cobre 85% da população mundial, mas no ano passado metade deste universo continuou sem a usar. E no acesso à banda larga fixa as diferenças são ainda mais flagrantes, entre ricos e pobres.    

Recorde-se que o objetivo 2 da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável da Banda Larga da ONU, preconiza que até 2025 os serviços de banda larga de gama de entrada, nos países em vias de desenvolvimento, pesem menos de 2% no Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita. 

As contas feitas pelos autores do estudo revelam que um pacote de internet móvel com pelo menos 1,5 GB ainda custa quatro vezes mais num país em vias de desenvolvimento do que num país desenvolvido, o que faz do preço dos serviços de Tecnologias da Informação e Comunicação, face ao rendimento disponível em cada país, o principal constrangimento à sua utilização. 

O estudo analisa preços em cinco categorias distintas, expressas nos quadros abaixo. Em todas - banda larga móvel, banda larga fixa, dados móveis com baixa utilização de voz, dados móveis com muita utilização de voz e baixa utilização do telemóvel - se registou uma descida de preços no ano passado, mas mais lenta do que seria desejável, sublinha a ITU, e sobretudo impulsionada pelos mercado mais desenvolvidos.

  

Em termos mais concretos, os números mostram que os preços médios dos serviços de banda larga móvel de gama de entrada passaram a estar dentro do objetivo traçado pela ONU, absorvendo 1,7% do rendimento das famílias. 

Ainda assim, sublinha-se que este é um tipo de serviço que continua inacessível em muitos países. A pesquisa identificou que em 39 dos 43 países mais pobres do universo de nações em vias de desenvolvimento apontadas no estudo, a banda larga móvel continua inacessível à população por causa do preço. 

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Nos serviços de banda larga fixa (até 5GB), verifica-se que estes pesavam 2,9% nas despesas das famílias no final de 2020, um valor que representa realidades muito diferentes em regiões distintas do globo, embora 106 dos 190 acompanhados no estudo tenham já alcançado a meta dos 2%. Nos países desenvolvidos, a banda larga absorvia 0,6% do rendimento das famílias, nos países em vias de desenvolvimento 1,7%. 

Abrindo o leque da análise, a banda larga fixa (nas diferentes gamas de serviços disponíveis no mercado) representava em média, para um utilizador num país desenvolvido, 1,2% no seu rendimento mensal, nos países em vias de desenvolvimento o serviço absorvia, em média, 4,7% do rendimento de uma família, fazendo dos serviços de banda larga fixa os mais dispendiosos e inacessíveis. 

Em Portugal, o peso médio dos serviços de banda larga no RNB per capita é de 0,89%, em linha com os países da região.