A Netflix vai despedir mais 300 pessoas, para acomodar o abrandamento no crescimento das receitas e compensar a perda de clientes. O aviso já tinha sido deixado pelo administrador financeiro da empresa na apresentação de resultados em abril.

Na altura, Spencer Neumann admitiu que a empresa nos próximos dois anos ia ser prudente nas decisões de investimento e na gestão do negócio, depois do crescimento acelerado durante a pandemia e com a retoma da atividade para níveis mais modestos.

Esta quinta-feira, num comunicado, a empresa anunciou os despedimentos e explicou porque os faz. "Enquanto continuamos a investir significativamente no negócio, fizemos estes ajustamentos de modo a que os nossos custos avancem de acordo com um crescimento mais lento de receitas”.

As saídas representam cerca de 3% da força de trabalho da empresa e são anunciadas cerca de um mês depois de terem saído outras 100 pessoas da companhia. Nos últimos meses, a empresa também redobrou esforços para controlar os acessos ilegais à plataforma, com mais de 220 milhões de subscritores legítimos e outros 100 milhões a usarem-na, partilhando acesso com essas contas.

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Numa década de atividade, os últimos meses foram os primeiros em que a empresa viu o número de clientes diminuir, uma facto novo que fez soar alarmes e que não vai resultar só em despedimentos. Em abril, a empresa já tinha admitido estar também a ponderar alterações aos planos de subscrição e a introdução de uma modalidade do serviço com anúncios incluídos.

Esta quinta-feira, numa intervenção durante o festival de publicidade Cannes Lions, o co-CEO da empresa, Ted Sarandos, confirmou que a plataforma já está a testar o novo pacote de subscrição e que tem vindo a falar com potenciais parceiros, para essa oferta. Nesse leque, identificou empresas como a Google, NBCUniversal ou Comcast.

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O responsável explicou a decisão com o facto de a empresa estar a perder uma fatia importante de clientes que acham a Netflix demasiado cara para a subscreverem e que não se importariam de assistir a anúncios, para ter acesso a uma opção de subscrição mais barata. Garantiu também que a chegada desta nova opção, nada muda para quem não a quiser usar: "Acrescentamos uma oferta com anúncios. Não estamos a adicionar anúncios à Netflix como a conhecemos hoje", sublinhou em declarações citadas pela Time.

No plano de investimentos da empresa mantém-se uma verba de 17 mil milhões de dólares para conteúdos. A produção de conteúdos próprios tem sido uma das vantagens competitivas da Netflix, que parece continuar apostada em seguir esse caminho.