Estávamos no ano de 2015 quando deu o primeiro e decisivo passo em direção ao mundo que marca hoje a sua vida: o dos conteúdos online. Tinha reprovado no 9º ano e decidiu que não queria ficar na mesma escola. Mudou e “como não conhecia ninguém”, criou um canal no YouTube para “expressar pensamentos e opiniões e para ocupar os tempos livres”. E foi, basicamente, a partir daqui que Liliana Marques passou a LiliOnScreen.

Na altura não tinha estratégia nenhuma, “foi apenas por diversão”, contou em entrevista ao SAPO TeK, mas acompanhava outros youtubers e já sabia que a plataforma de vídeos era “grande lá fora”.

Em 2019 veio da aldeia da Guarda, de onde é natural, para Lisboa fazer uma formação em marketing digital, mas antes que terminasse a pandemia levou-a de regresso à terra natal, em modo elearning. E foi precisamente nessa altura que começou a apostar mais no seu canal no YouTube.

No final de 2020 avançou também com o TikTok, rede social onde em dois ou três meses atingiu os três milhões de seguidores. Hoje são mais de quatro milhões de seguidores no TikTok, que se somam a 135 mil seguidores no Instagram e a 483 mil inscritos no canal do YouTube.

Mas também há conta no Twitter (agora X) e na plataforma Twitch - um projeto em stand by neste momento, já que quando esteve temporariamente de regresso à aldeia natal teve de parar de fazer lives a jogar, porque o acesso à internet não era dos melhores. Pelos vistos assim continua “Querem fixar jovens no interior, mas não lhes dão as condições para trabalharem”.

Inspiração e gestão diferente, mas com reciclagem pelo meio

Os conteúdos são geridos de forma diferente de uma plataforma para a outra, até por uma questão de periodicidade, mas Liliana admite que adora “reciclar”. Ultimamente tem optado por fazer algo mais exclusivo para o TikTok e para os reels do Instagram, mas no início eram muitas vezes cortes de vídeos do YouTube.

Tenta publicar três a quatro vídeos diários no TikTok em que um ou dois, normalmente, também seguem para o Instagram. No YouTube, a intenção é publicar com uma frequência de quatro a cinco vídeos por semana.

À partida não costuma definir com grande antecedência os conteúdos que vai partilhar, preferindo decidir no momento. Antes inspirava-se a ver outros youtubers e outras contas, agora confessa que tem andado menos atenta, mas que isso faz sempre falta. “Sou uma pessoa que trabalha muito bem sobre pressão. Até agora, pelo menos, tem funcionado”.

Acha que o que atrai mais os seus seguidores é a maneira como transforma tudo em humor. “Não consigo levar as coisas de forma muito séria: tudo vira uma piada”. Paralelamente, também tem consciência que há o reverso da medalha “e nem todos nos acham graça”.

É aqui que entram os haters, que até já teve mais. Diz com o habitual tom bem-humorado que “costumava ‘levar’ com muitos comentários”, e agora nem por isso. “O que é mau: significa que as pessoas já não me acham assim tão relevante”.

“Já tive pessoas que me insultaram online, mas eu vou lá e agradeço: um comentário é sempre um comentário. É engajamento!

De qualquer forma, Liliana garante que não costuma levar muito a sério os comentários online. “Até porque a pessoa pode estar a passar por um momento mau e atacar outras pessoas é uma forma de se distrair. Bem, ou simplesmente está a ser ela própria...”.

Afinal quanto é que se ganha com as redes sociais?

Gerir as redes sociais do “Querido mudei a casa”, fazer lives no TikTok, editar vídeo para o canal no YouTube e ver conteúdos para fazer e postar no TikTok e no Instagram. É normalmente assim um dia de trabalho da Liliana Marques, neste momento.

Na maior parte das vezes o dia de trabalho passa para a noite, porque a LiliOnScreen tem alguma dificuldade em “desligar-se”. “Vou sair com amigos, há uma piada ou uma situação e começo logo a pensar: ó meu deus isso dava conteúdo para um vídeo. O meu cérebro nunca desliga da criação”.

Desde 2021 que só vive das redes sociais, mas lembra que criou o seu canal no YouTube em 2015, ou seja, só ao final de seis anos, mostrando que nem sempre se ganha dinheiro rapidamente. Há pessoas que têm a sorte de crescer com vídeos virais, mas quem quiser apostar nas redes não pode ter pressa, defende.

O que paga melhor são as parcerias com as marcas, mas a conta não é fácil de fazer e vai depender de várias coisas. A gestão e feita “guardando algum” de vez em quando, para não haver percalços e estar preparada para momentos menos bons, apontou.

Com as coisas a correrem bem, o objetivo é continuar ligada às redes sociais, “a criar conteúdos e um dia, quem sabe, ter uma agência”. Daqui a cinco anos a Liliana Marques espera que a LiliOnScreen esteja “num nível em que possa, realmente, ajudar as outras pessoas”.

Para quem quiser juntar-se ao mundo dos conteúdos online o conselho é “ter paciência e ser consistente” e adotar a máxima do “mais vale feito do que perfeito”.

Contou que muitas vezes pensava demasiado e não chegava a pôr as ideias em prática, com receio de ficar mal. Hoje tem a certeza que fazer é o mais importante. A máxima vale para muita coisa na vida, não só para os conteúdos online.