Os Estados Unidos anunciaram planos para colocar a Kaspersky na lista negra e proibir a empresa russa de operar no país, por alegadamente ter ligações com o Kremlin. Segundo avança a BBC, o governo de Putin poderá ter influência na empresa, colocando em risco a infraestrutura dos Estados Unidos e os seus serviços, destacou Gina Raimondo, Secretária do Comércio.

É referido que o país tomou ação devido à capacidade e intenção da Rússia de recolher dados pessoais dos cidadãos americanos para os transformar em armas. “A Kaspersky vai deixar de poder, entre outras atividades, vender o seu software nos Estados Unidos ou fazer atualizações ao que já está em uso”, é referido numa nota do Departamento do Comércio.

A proibição vai barrar o download de atualizações de software, revendas e licenciamento de produtos da Kaspersky a partir do dia 29 de setembro e novos negócios vão ser restringidos com um aviso de 30 dias. O Departamento do Comércio ameaçou aplicar coimas aos retalhistas que violarem as restrições impostas.

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Em declaração oficial, a Kaspersky diz que "está ciente da decisão do Departamento de Comércio dos EUA de proibir a utilização do software Kaspersky nos Estados Unidos". Afirma ainda que a decisão "não afeta a capacidade da empresa de vender e promover ofertas ou formações de inteligência de ameaças cibernéticas nos EUA". A empresa diz ter proposto um sistema de verificação independente da segurança dos produtos da Kaspersky e acredita que "o Departamento de Comércio tomou a sua decisão com base no atual clima geopolítico e em preocupações teóricas, em vez de numa avaliação abrangente da integridade dos produtos e serviços Kaspersky".

A empresa diz que não se envolve em atividades que ameacem a segurança nacional dos Estados Unidos, acrescentando que contribui significativamente com os seus relatórios e proteção contra agentes de ameaças que visam os interesses do país. "A empresa pretende seguir todas as opções legalmente disponíveis para preservar as suas operações e relações atuais". A especialista em cibersegurança diz que em mais de 26 anos tem sido bem-sucedida na missão de construir um futuro mais seguro, tendo protegido mais de mil milhões de equipamentos. E que fornece soluções para todo o mundo para proteção de ciberameaças, demonstrando a sua independência de qualquer governo.

As medidas de transparência que implementou são apontadas como "inigualáveis por qualquer um dos seus pares do sector da cibersegurança para demonstrar o seu compromisso duradouro com a integridade e a fiabilidade" e acusa o Departamento de Comércio dos Estados Unidos de ignorar injustamente as provas dadas. A empresa diz que estas medidas de proibição vão ter reflexo no benefício proporcionado à cibercriminalidade, destacando que a cooperação internacional entre peritos de cibersegurança é crucial no combate ao malware. Considera ainda que a medida está a restringir a liberdade dos consumidores e organizações de usar a proteção que pretendem, considerando que a sua solução é a melhor tecnologia do sector, com base em testes independentes.

As medidas vão obrigar aos seus clientes de substituir com urgência que utilizam e que eventualmente preferem e confiam. A Kaspersky diz que continua empenhada em proteger o mundo das ameaças e que o seu negócio continua "resiliente e forte, marcado por um crescimento de 11% nas reservas de vendas em 2023". A empresa diz aguardar com expetativa o futuro e que vai continuar a defender-se contra ações que procuram prejudicar a sua reputação e interesses comerciais.

Nota de redação: Notícia atualizada com as declarações da Kaspersky. Última atualização 11h02.