A Google poderá ser intimada por Bruxelas depois das queixas apresentadas por um grupo de editores independentes, pela utilização “abusiva” do seu sistema AI Overviews. Esta tecnologia de inteligência artificial cria um resumo daquilo que é procurado na Pesquisa da Google, antes de mostrar os links para as páginas relevantes sobre os assuntos.

A queixa de práticas anticoncorrenciais apresentada pela Independent Publishers Alliance à Comissão Europeia no final de junho pede uma medida interina que previna danos irreparáveis aos editores, avança a Reuters. O sistema AI Overviews, que chega atualmente a mais de 100 países, começou a adicionar anúncios em maio. Os queixosos alegam que a Google abusa do poder dominante no mercado da Pesquisa online. Além de Bruxelas, a queixa foi também apresentada à autoridade da concorrência do Reino Unido.

No documento que a Reuters teve acesso, lê-se que o serviço do motor de pesquisa está a fazer um uso indevido do conteúdo online para o AI Overviews na Pesquisa da Google, “que causou, e continua a causar, danos significativos às editoras, incluindo editoras de notícias, em forma de tráfego, leitores e perdas de receitas”. A gigante tecnológica é acusada de posicionar o AI Overviews no topo dos resultados das pesquisas, mostrando o seu próprio sumário, que por norma é gerado utilizando material dos editores. Ao mesmo tempo, o alegado posicionamento da Google cria desvantagens para os conteúdos originais dos queixosos.

Outra queixa prende-se com a falta de opções para os editores que optem por não ter os seus conteúdos serem processados pelos modelos de treino de inteligência artificial da Google ou serem usados para os sumários, sem perderem a capacidade de aparecer nos resultados gerais da Pesquisa.

Em comentários à Reuters, a Google diz que envia milhares de milhões de cliques a websites diariamente. “As novas experiências de IA na Pesquisa permitem às pessoas fazerem ainda mais perguntas, criando novas oportunidades para conteúdos e negócios serem descobertos”. A empresa aponta ainda sobre a perda de tráfego dos websites dos editores, que estes podem acontecer por diversas razões, incluindo procura sazonal, os interesses dos utilizadores, assim como as atualizações reguladores dos algoritmos da Pesquisa.

Segundo a diretora coexecutiva da Foxglove, Rosa Curling, uma das signatárias da queixa, os editores e jornalistas enfrentam uma situação desafiante e uma ameaça existencial através do AI Overviews da Google. E pedem que a Comissão Europeia e outros reguladores em todo o mundo assumam uma posição para permitir o “opt-out” do uso dos seus conteúdos no treino da IA e apresenta-la nos resumos.