
As aplicações que fazem previsões baseadas na informação recolhida a partir de uma selfie têm proliferado. Prever a idade é um dos atributos mais comuns, mas há um pouco de tudo: desde diagnosticar congestão nasal, alergias sazonais, identificar sinais de sonolência - para quem está prestes a pegar no volante, ou mesmo sinais de doença.
A explosão da inteligência artificial e a capacidade de processamento melhorada de equipamentos pessoais ajudaram a acelerar os desenvolvimentos nesta área e novas tecnologias de reconhecimento facial estão agora a fazer caminho em terrenos ainda mais complexos.
Ajudar a diagnosticar doenças mais cedo ou prever a morte precoce são algumas das áreas onde investigadores desenvolvem ferramentas para aperfeiçoar a capacidade da tecnologia para medir sinais relevantes para previsões. Serão fiáveis?
Investigadores da Harvard Medical School falaram com uma reportagem da Business Insider sobre o tema e comentaram a propósito da app FaceAge desenvolvida ali mesmo, defendendo que assenta de facto num “biomarcador médico. Não é apenas um artifício”.
Veja como funciona a FaceAge
A FaceAge calcula a idade biológica e para já é usada apenas para fins de pesquisa. No futuro os investigadores acreditam que pode vir a ser útil para melhorar os tratamentos contra o cancro, adaptando-os à biologia e ao estado de saúde de cada paciente. Ou que pode mesmo vir a servir para identificar outros problemas de saúde, antes que estes se manifestem.
Foca-se em duas áreas principais do rosto: as dobras nasolabiais, do nariz aos lábios, e as têmporas (entre os olhos e as orelhas) para identificar sinais prematuros ou acelerados de envelhecimento, que possam ser alerta para problemas.
“Se a idade do seu rosto está a acelerar mais rapidamente do que a sua idade cronológica, é um sinal muito mau”, sublinhou um dos criadores. Aquilo que a tecnologia começa a permitir aos computadores fazerem, os humanos fazem há milhares de anos, lendo sinais no rosto uns dos outros para tirar conclusões sobre as mesmas coisas: idade, saúde, etc.
Pesquisas citadas no artigo indicam que o olho humano desenvolveu uma capacidade de ler sinais de saúde ou doença noutros humanos há cerca de 30 milhões de anos e que na prática isso se reflete em sinais que captamos em tons de verde e vermelho.
“As pessoas olham para bochechas rosadas e veem isso como um sinal de saúde. Quando queremos desenhar um rosto doente, fazemos com que fique verde”, explica Brad Duchaine, neurocientista que estuda a perceção facial.
O cirurgião plástico Bahman Guyuron, que estudou gémeos idênticos com estilos de vida diferentes para tentar perceber como isso afeta o aspeto do rosto, também chegou a conclusões interessantes.
O gémeo com mais stress e mais toxinas no corpo parecia vários anos mais velho. Para isso contribuem maior flacidez da pele e mais rugas, que podem ser sinais de uma saúde mais débil, níveis de produção de colagénio mais baixos e níveis mais elevados de hormonas do stress.
A capacidade de obter dados fiáveis a partir de tecnologias de leitura facial já inspirava uma das primeiras apps deste género para fins médicos, lançada em 2014 para ajudar os médicos a diagnosticar doenças genéticas. Alguns estudos indicaram que o Face2Gene conseguia ser mais eficaz que um médico a extrair informações do rosto de uma pessoa, que pudessem ser úteis para identificar problemas genéticos.
Ainda no campo médico, a aplicação australiana PainCheck ajuda a identificar dor em pacientes idosos desde 2017. É usada em pacientes que estão em lares e que não conseguem expressar eles próprios esses sintomas, como pessoas com demência.
Os avanços seguem na tecnologia, assentes nos resultados animadores que algumas pesquisas têm revelado sobre a importância que estas ferramentas podem ter no futuro. Em paralelo, os receios com as questões éticas também se mantêm. Nem todas as experiências demonstram resultados sólidos e muitas mostram que continua a haver um caminho a fazer nesta área.
A jornalista que escreveu o artigo da Business Insider testou a sua idade real na FaceAge com quatro fotos, que devolveram resultados muito diferentes. Com maquilhagem foram-lhe dados menos 10 anos do que a idade real, sem maquilhagem e muita iluminação na imagem ficou com idade aproximada à sua e com as restantes fotos ficou a meio caminho.
A justificação está no facto deste tipo de aplicações usarem as linhas, contornos nítidos e mais detalhes do rosto para avaliar a idade de alguém. Quando as fotos estão desfocadas, pouco iluminadas ou os traços da pele foram corrigidos com maquilhagem, fica mais difícil obter resultados afinados, garantem os responsáveis do projeto.
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