Quando pensamos em calculadoras gráficas, surge na nossa mente a imagem dos clássicos equipamentos da Texas Instruments ou da Casio, conhecidos por serem volumosos, pesados e repletos de abreviaturas e acrónimos difíceis de memorizar. Mas há uma nova calculadora que quer fazer frente às duas gigantes tecnológicas e afirmar-se como uma “lufada de ar fresco” no mercado e na aprendizagem da matemática.

Com apenas 167 gramas, uma espessura de 10 milímetros e sem um extenso manual de instruções, a NumWorks, descrita como a primeira calculadora gráfica colaborativa do mundo, que quer “saltar” para as mochilas dos alunos portugueses e ajudá-los a reforçar a sua ligação com a matemática: tudo de uma forma muito mais simples e intuitiva.

Ao SAPO TEK, Serenela Moreira, Country Manager da NumWorks explicou que para compreendermos o nascimento da calculadora temos de fazer uma breve viagem no tempo até 2016. Na altura, o fundador Romain Goyet, um engenheiro de software francês que passou pela Apple, deparou-se com uma calculadora gráfica à venda num supermercado que era exatamente igual à que tinha usado no secundário.

Por momentos, pensou que a estranha situação se devia talvez a um stock mais antigo, mas, ao fazer uma investigação chegou a uma conclusão diferente. Ao contrário dos computadores ou dos telemóveis, que registaram uma grande evolução ao longo dos últimos 20 anos, as calculadoras gráficas ficaram paradas no tempo.

Assim, surgiu a ideia criar um equipamento mais moderno, semelhante a um smartphone, e cuja utilização fosse muito mais simples e intuitiva, sem necessidade de ter de memorizar uma extensa lista de processos e de andar sempre com o livro de instruções, caso a memória falhe.

“É essa a missão da NumWorks: tornar a matemática algo mais agradável na medida em que os alunos podem de facto concentrar-se em aprender e não em memorizar como é que vão utilizar a calculadora”, explica Serenela Moreira.

A chegada a Portugal, feita neste ano, surgiu após a empresa se ter apercebido que tinha alguns utilizadores nacionais a registarem-se no seu website com interesse em experimentar a calculadora. “O contexto do mercado em Portugal é relativamente semelhante ao francês: a calculadora gráfica é indispensável no ensino secundário, não só durante as aulas, mas nos exames nacionais”, indicou a responsável. “Portanto, achamos que fazia todo o sentido dar o próximo passo, porque os nossos utilizadores em Portugal também o fizeram”.

Inovação, simplicidade e colaboração: três pontos-chave para a NumWorks

O que diferencia a NumWorks de outras calculadoras gráficas? Além do seu aspeto, a navegação pelo software da calculadora está organizada por aplicações, assemelhando-se àquilo que já estamos habituados nos nossos dispositivos tecnológicos.

Em vez que estar a pensar “Como é que eu vou fazer isto agora?”, os estudantes podem simplesmente seguir as instruções dadas no ecrã. “A ideia é que, à medida que os alunos e professores vão usando a calculadora, esta vá pedindo os valores tal como se estivessem a fazer um exercício”, elucida Serenela Moreira.

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Mas não é tudo: a NumWorks disponibiliza também uma aplicação dedicada ao treino de Python, uma das linguagens de programação que mais tem vindo a crescer nos últimos anos. Segundo Serenela Moreira, a programação vai sendo cada vez mais integrada nos currículos das escolas, como em Portugal na disciplina de Aplicações Informáticas, e fazia todo o sentido inclui-la. “Mesmo que um utilizador queira ser autodidata e começar a aprender Python tem já as ferramentas disponíveis para isso na calculadora”.

O aspeto colaborativo desempenha um papel importante para a NumWorks, uma vez muitas das novas atualizações feitas partem de sugestões realizadas pelos utilizadores. Por exemplo, a tradução de alguns dos elementos da calculadora foi feita por membros da sua comunidade.

Serenela Moreira detalhou que tudo o que a empresa desenvolve em matéria de software pode ser encontrado online na sua página do GitHub. Qualquer utilizador que esteja verdadeiramente interessado ou que seja um entusiasta da tecnologia pode olhar para o código e fazer sugestões que depois seguem para aprovação da equipa, que verificará se faz sentido fazer a sua integração.

Para já, e depois da aprovação da calculadora pelo Júri Nacional de Exames, o feedback recebido por parte dos professores é muito positivo e a responsável revelou que neste primeiro ano o grande objetivo é mesmo ouvir o que os utilizadores têm a dizer. As perspetivas são de crescimento e a empresa espera que no próximo ano já estejam reunidas todas as condições para que a NumWorks seja largamente recomendada a todos os alunos.

A NumWorks está disponível através do website da empresa, por um preço de 99 euros. E se quiser experimentar fazer um “test drive” antes da compra, sempre pode recorrer ao simulador online gratuito da NumWorks.