A Apple está a processar a NSO Group, uma empresa israelita que desenvolve spyware de nível militar e que é também responsável por ter criado um software de vigilância que foi utilizado para monitorizar as ações de um grupo de jornalistas, ativistas e dissidentes políticos.

A tecnológica norte-americana alega que a NSO espiou estas pessoas e quer agora, pelas vias legais, proibir a empresa de voltar a utilizar software, equipamentos ou serviços da Apple.

O produto mais mediático da NSO é o Pegasus, um spyware que explora vulnerabilidades em aparelhos iOS e Android e permite aos seus utilizadores infiltrarem-se nestes equipamentos sem que sejam detetados. A lista de clientes inclui governos e agências públicas, mas a empresa afirma que só vende o programa para efeitos de combate ao terrorismo e outras atividades criminosas. Importa ainda sublinhar que todos os negócios estão dependentes da aprovação do governo de Israel.

Em julho, uma investigação conduzida por um consórcio de órgãos de comunicação revelou que o Pegasus estava a ser utilizado para espiar smartphones pertencentes a jornalistas, ativistas e políticos. Na sequência, Craig Federighi, vice-presidente da divisão de software engineering, afirmou que há várias “entidades apoiadas por Estados que gastam milhões de dólares no desenvolvimento de tecnologias de vigilância sofisticadas sem que sejam devidamente responsabilizadas”. Federighi defende que “isso tem de mudar”.

O Facebook também está a processar a NSO. A rede social defende que o software da empresa foi utilizado para explorar vulnerabilidades no WhatsApp, por forma a utilizar a app como porta de entrada em equipamentos alheios. Por conta dos processos que estão a ser movidos contra a israelita, a empresa foi adicionada a uma lista negra de entidades para as quais é proibido exportar equipamentos eletrónicos.

Na queixa apresentada pela Apple, a tecnológica de Cupertino apelida a NSO de ser composta por hackers “imorais” que atuam como “mercenários”, uma vez que criam tecnologias que estimulam o “abuso” em troca de dividendos comerciais.

Em setembro, a empresa viu-se obrigada a lançar uma atualização de emergência depois de uma vulnerabilidade ter sido exposta pelo Pegasus. A marca da maçã acusa a NSO de infringir várias leis federais e estatais.