Lisboa é a maior fonte emergente de talento em engenharia da Europa, segundo os empreendedores e recrutadores que participaram num estudo da Sequoia Capital. Um dos maiores fundos de investimento globais, a organização avançou com uma pesquisa que distribui no mapa da região o talento europeu tecnológico.

Portugal consegue destaque, com duas das 15 cidades consideradas a manter debaixo de olho pelas empresas que querem investir na região. Países como Itália, nem constam do mapa. França só se faz representar com Paris. Lisboa e Porto asseguram a presença de Portugal neste mapa.

Lisboa é, aliás, a capital europeia com maior densidade per capita de talento em duas das 14 categorias avaliadas pelo estudo: desenvolvimento de aplicações e bases de dados, com 68% e 60% do talento local a ter competências nessas áreas. Está ainda entre as capitais mais relevantes da região em talento nas áreas de servidores & cloud, finanças, mobile, front-end e frameworks.

O estudo apurou também que o talento tecnológico disponível em Lisboa é relativamente móvel, com 13% aberto a novos desafios, uma percentagem ligeiramente acima da apurada para a média europeia (12%). Reúne outras informações úteis para recrutadores, como o tempo de denúncia dos contratos no país, ou o valor das contribuições para a segurança social: 23,75% em Portugal Vs 20% em média na Europa.

Mostra que o custo de vida em Lisboa estará 5 pontos percentuais abaixo da média europeia e que o preço médio de aluguer de um escritório é de 26 euros por metro quadrado, quando a média europeia é de 39 euros.

Neste Guia Interativo da Sequoia para o Talento Técnico Europeu estima-se que na zona metropolitana da capital existam cerca de 25.800 engenheiros, 14% mulheres, inseridos num ecossistema tecnológico que vale 2,5 mil milhões de euros e que é dinamizado por 45 aceleradores e 935 startups.

As empresas da região captaram 840 milhões de euros em capital de risco desde 2015, altura em que o volume de financiamento para este tipo de projetos foi 10 vezes inferior ao registado em 2022. Critical TechWorks, Microsoft, Siemens e OutSystems surgem como principais empregadores.

Lisboa é apontada como uma cidade com capacidade para atrair talento estrangeiro e o visto de nómada digital é indicado como um dos facilitadores, que também tem ajudado a atrair talento para o Porto. A invicta é outra cidade apontada pelos recrutadores entrevistados pela Sequoia como uma cidade a manter debaixo de olho.

Tal como Lisboa, o Porto também se destaca pela quantidade talento na área do desenvolvimento de aplicações - 66% dos 18.600 engenheiros que se calcula existirem na cidade terão competências nesta área.

Calcula-se ainda que na cidade existiam 488 startups e 24 aceleradores, para uma pool de profissionais experientes (mais de metade, com mais de 10 anos de experiência), mas também com uma forte dinâmica de novos profissionais, com menos de 2 anos de experiência (12%).

Isso e o custo de vida ainda baixo da cidade - 9 pontos percentuais abaixo da média europeia - são apontados como argumentos a favor do Porto, como fonte de talento para empresas que queiram investir na cidade para ficar, ou apenas recrutar talento local. Isto, embora a pesquisa também mostre que os o techies do Porto estão menos disponíveis que a média europeia, ou mesmo do que quem vive em Lisboa, para ocupar novas posições (11%). A Farfetch continua a ser o grande empregador TI da cidade.

Neste Atlas, a Sequoia também mostra que, embora as diferenças no custo de vida ou no aluguer de espaços entre países europeus, se mantenha elevada, as diferenças salariais têm vindo a esbater-se entre países.

Muitas empresas continuam a apostar em polos deslocalizados porque têm como prioridade estar perto do talento que precisam (74%) e muitas outras definem a geografia dos seus investimentos em função de custos (45%), mas ao nível do preço do talento TI é consensual que as diferenças são cada vez menos significativas entre países.

Outras conclusões gerais deste Atlas podem ser vistas nas imagens abaixo, como o facto de Europa ser a região do mundo com mais talento na área da inteligência artificial e de boa parte desse talento estar ao serviço das grandes tecnológicas. O mapa interativo das cidades europeias com mais talento tecnológico, entre os 3 milhões de engenheiros contabilizados na região nas 14 categorias analisadas, pode ser explorado aqui.