A refurbed chegou a Portugal em julho de 2024 com a missão clara de ajudar os consumidores a poupar dinheiro na aquisição de equipamentos, mas ao mesmo tempo a contribuir para o meio-ambiente mais saudável e com menos poluição tecnológica. A plataforma online europeia oferece smartphones, computadores e outros componentes tecnológicos, assim como bicicletas e equipamentos de fitness e desporto que estão na sua oferta. A loja marca agora um ano de operações no país com resultados bastante promissores, segundo Kilian Kaminski, cofundador da refurbed, em entrevista ao TEK Notícias.

Em apenas 12 meses, vendemos entre 17.000 dispositivos a aproximadamente 14.000 compradores portugueses. Este desempenho posiciona Portugal como um pilar fundamental da nossa expansão, representando cerca de 20% do total de vendas nos nossos "novos mercados"”, aponta, acrescentando que um em cada três clientes portugueses já comprou na plataforma mais que uma vez, “o que demonstra uma lealdade impressionante e valida a qualidade da nossa oferta”. 

A empresa austríaca diz que além do primeiro aniversário das operações em Portugal, a refurbed alcançou o break-even a nível global. Ou seja, conquistou a rentabilidade em toda a sua operação europeia. A empresa diz que esta é uma validação de como a economia circular “representa uma oportunidade real para o crescimento sustentável”. Desde que foi fundada em 2017, a refurbed já está presente em 11 países, oferecendo equipamentos eletrónicos totalmente recondicionados com qualidade equivalente a produtos novos, chegando aos 40% de desconto, ao mesmo tempo que oferece 36 meses de garantia. 

Kilian Kaminski diz que os dados recolhidos de Portugal confirmam que não se trata apenas de uma perceção, mas de uma mudança real de comportamento, relativo ao valor que dão aos equipamentos recondicionados. A empresa realizou um inquérito no final de 2024 em Portugal, revelando que 66% dos consumidores portugueses já consideram a sustentabilidade um factor decisivo nas suas compras. “A evolução é tão significativa que o conceito de recondicionado está a transcender a compra para uso próprio: 61% dos portugueses considerariam comprar produtos recondicionados como presentes, e 63% ficariam receptivos a recebê-los”. A refurbed considera que os produtos recondicionados estão a ser aceites com o mesmo entusiasmo que os novos.

Kilian Kaminski, cofundador da refurbed
Kilian Kaminski, cofundador da refurbed Kilian Kaminski, cofundador da refurbed

Questionado sobre se é já possível falar num verdadeiro mercado circular, com sustentabilidade financeira, Kilian Kaminski destaca o seu recente marco de rentabilidade global. “Esta é a prova definitiva de que a economia circular não é um conceito de nicho, mas sim um modelo de negócio economicamente poderoso e resiliente”. Mas aponta que apesar de muitas empresas de tecnologia ainda não terem conseguido alcançar o break even, a refurbed provou que “construir um negócio com foco na circularidade cria valor sustentável a longo prazo”. E mais uma vez aponta o sucesso em Portugal, que contribuiu significativamente para esse resultado, demonstrando ser um modelo financeiramente sustentável e “perfeitamente aplicável e bem-sucedido no mercado nacional”. 

O tamanho do mercado, o poder de compra e o comportamento do cliente variam drasticamente, mas a empresa garante que Portugal se destacou neste último ano em termos de crescimento. Nos mercados mais recentes, que incluem ainda a Finlândia, Chéquia e a Bélgica, Portugal representa 20% do total de vendas. “Este dado, por si só, posiciona Portugal como um caso de sucesso e um dos motores da nossa expansão atual, o que valida a forte adesão do consumidor português ao nosso modelo”, aponta o líder da empresa.

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O mercado chegou a um ponto de maturidade que as próprias marcas começam a olhar para o mesmo com mais atenção, com campanhas de ofertas de retoma agressivas na compra de novos. Mas o que isso significa para as empresas dedicadas a recondicionados? “Vemos esse posicionamento como uma validação do potencial e da relevância do mercado de recondicionados”, diz Kilian Kaminski. Mas por outro lado, refere que o seu modelo é “fundamentalmente diferente”. 

As marcas usam a retoma como meio de vender um produto novo, para empresas como a refurbed, a retoma é uma ferramenta para inserir mais equipamentos na economia circular, mas não depende dela. “A nossa principal proposta de valor é proporcionar aos clientes um acesso fácil e fiável a dispositivos recondicionados por especialistas, apoiado pelo nosso processo de recondicionamento de 40 etapas e uma garantia de até 36 meses”. A fidelidade dos seus clientes é a prova da sua abordagem, que recorrem aos seus serviços. “É o nível de maturidade mais elevado de todos os nossos novos mercados, demonstrando que a nossa especialização e qualidade criam uma relação de confiança que vai além de uma simples transação”. 

Para continuar a convencer novos clientes, o nosso plano é claro: vamos continuar a investir na expansão do nosso catálogo, que já conta com mais de 30.000 produtos, e a fortalecer parcerias com empresas portuguesas, tornando a escolha por um recondicionado cada vez mais fácil, segura e vantajosa”.

Recentemente a empresa lançou um estudo sobre o valor que os portugueses têm nas gavetas em smartphones abandonados. Só no nosso país, são cerca de 16,2 milhões de equipamentos, que recuperados poderiam valer cerca de 162 milhões de euros para a economia nacional. Sobre as medidas que a empresa tem em mente para converter esse valor, a própria presença da refurbed e o seu trabalho diário é o ponto principal. “Ao criarmos um mercado seguro, fiável e atrativo para a compra de produtos recondicionados, estamos a mostrar aos portugueses que existe uma alternativa viável e valiosa”. A empresa estima que entre 3,8 a 5,1 milhões de equipamentos poderiam ser recondicionados. “A nossa missão é educar o consumidor e provar que estes equipamentos não são lixo electrónico, mas sim recursos valiosos”. 

Além de pretender desbloquear o valor económico, contribui diretamente para elevar a taxa de utilização circular de materiais em Portugal, que atualmente está muito abaixo da média europeia, em cerca de 2,6%. Ainda assim, afirma que a procura já não é apenas por uma alternativa mais barata, mas sim uma escolha inteligente e consciente. “A melhor prova disso é a taxa de recompra: um em cada três dos nossos clientes portugueses já voltou a comprar na refurbed no espaço de um ano”, naquele que diz ser um nível de satisfação e confiança equivalente aos produtos novos. 

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A estratégia da refurbed vai ao encontro dos números de crescimento do comércio eletrónico, onde 48,9% dos portugueses compraram online no último trimestre de 2024, segundo dados da Anacom, indicando um crescimento de 5% quando comparado com 2023, significando 12,26 mil milhões de euros em 2024. E há mais de 5 milhões de portugueses a fazer compras online regularmente, aponta a empresa. Portugal assumiu o quarto lugar na União europeia para compras online da categoria “computadores, tablets, telemóveis, equipamentos ou acessórios informáticos complementares”, via internet.