Depois de ter sido multada “severamente” pela Comissão Europeia, a Google decidiu mudar a forma de licenciamento das suas aplicações para Android na União Europeia. Pela primeira vez, as fabricantes de smartphones terão de pagar as apps e serviços pré-instalados nos dispositivos vendidos na UE. Estas medidas são aplicadas a partir do final do mês e vão ao encontro das exigências da Comissão Europeia, como explica a empresa no seu blog oficial.

Embora a base do sistema operativo Android continue a ser gratuito e open source, as fabricantes que desejem vender smartphones com apps pré-instaladas da Play Store passam a ter de as licenciar na Europa. Como opção, as marcas podem licenciar o browser Chrome e o motor de busca em separado, em vez da aquisição em bundle.

O valor do licenciamento não foi revelado, ficando a decisão do lado dos fabricantes de como devem vender os seus dispositivos Android. Se não quiserem pagar podem optar por vender os smartphones sem a Play Store e as aplicações da Google. Por outro lado, poderão lançar os dispositivos sem o Chrome e o motor de busca, mantendo a Play Store para os utilizadores fazerem o download das respetivas aplicações, caso entendam. Ou podem decidir pagar o licenciamento e comercializarem os smartphones como até aqui.

A Google afirma que a decisão da Comissão Europeia irá cortar uma grande fonte de receitas que é investida no desenvolvimento e distribuição gratuita de tecnologias para o Android. Nesse sentido, a gigante tecnológica havia referido a necessidade de encontrar outras formas de gerar as receitas e a venda das licenças aos fabricantes foi a forma escolhida.

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Ainda em relação às medidas tomadas pela UE contra a concorrência desleal, as fabricantes poderão construir os seus smartphones e tablets suportando diferentes “bifurcações” do Android. Dessa forma, caso uma Huawei ou Samsung decidirem, por exemplo, poderão manter a Play Store e a equivalente da Amazon Fire OS no mesmo dispositivo. Nesse sentido, as empresas terão agora uma maior flexibilidade nas configurações dos sistemas.

Segundo aponta o The Verge, os especialistas acreditam que os valores das licenças poderão ser imputados aos clientes das marcas, através de um eventual aumento do preço dos equipamentos. A nova política de licenciamento terá efeito a partir do dia 29 de outubro, mesmo considerando que o "castigo" aplicado pela UE tenha sido considerado injusto pela Google, levando a tecnológica a recorrer.