O Google Pay pode em breve passar a garantir suporte para transações de moedas digitais. Hoje estas transações são possíveis a partir de um smartphone com Android, por exemplo, mas com recurso a aplicações de terceiros e não exclusivamente com o suporte do sistema oficial de pagamentos da Google.

Em declarações à Bloomberg, Bill Ready, presidente da Google para a área do comércio, confirmou que a empresa está a repensar o serviço e que há interesse em avançar com uma aposta mais forte no universo das criptomoedas. “As criptomoedas são algo a que prestamos muita atenção”, admitiu o responsável, referindo que “à medida que a procura dos utilizadores e dos lojistas evoluir, vamos evoluir com eles”.

O executivo, que até 2019 era COO da PayPal, assumiu que a Google está a reorganizar a plataforma de pagamentos do Android para integrar um leque abrangente de serviços financeiros. O suporte para moedas digitais é um dos caminhos, mas nesta área a empresa também está interessada em reforçar o leque de parcerias.

Google Pay chega a Portugal à boleia das fintech e entidades bancárias
Google Pay chega a Portugal à boleia das fintech e entidades bancárias
Ver artigo

Neste momento a Google já tem algumas parcerias nesta área, com serviços como a Coinbase ou Bitpay, que permitem adicionar cartões virtuais ao Google Pay com somas em moedas virtuais, que podem ser gastas como dinheiro “normal”.

O grande objetivo da transformação em curso do Google Pay é transformá-lo numa "carteira digital abrangente", capaz de suportar bilhetes eletrónicos, certificados de vacinação ou bilhetes aéreos, exemplificou o responsável, sempre numa lógica de agregação de serviços e parceiros.

O posicionamento revela algumas diferenças em relação àquilo que a empresa foi dizendo do serviço, pelo menos até outubro do ano passado, quando devia ter lançado o Plex. O serviço, que era o resultado de parcerias com 11 bancos, posicionava o Google Pay também como uma plataforma para gerir fundos e poupanças.

O lançamento acabou por ser cancelado em cima da hora e a estratégia foi revista. “Não somos um banco e não temos intenção de o ser”, tinha já adiantado Ready numa entrevista, admitindo que algumas decisões anteriores podiam fazê-lo parecer e reafirmando que a empresa quer ligar-se a todo o sistema financeiro e não apenas a uma parte dele.

Para ajudar a empresa neste percurso, há mais uma contratação recente. A Bloomberg também noticia que a divisão de pagamentos da Google passou a ser gerida por Arnold Goldberg, um executivo que vem da Amazon, plataforma que já suporta pagamentos com moedas digitais.