Por Carlos Vaz de Oliveira (*)

Existem hoje no mercado plataformas cloud da IBM, da Google, da Microsoft e até opções em open source de serviços de Inteligência Artificial. Qualquer developer pode utilizá-las para incluir nas suas aplicações. Existe também software e até aplicações móveis que usam a Inteligência Artificial. As aplicações para tirar fotografias nos telemóveis mais avançados utilizam todas IA para melhorar os resultados ou, simplesmente, trocar a sua cara por um Avatar.

Mas, poderemos falar já de Inteligência Artificial ao serviço dos developers?

Se falarmos de IA como ajuda para quem está a desenvolver uma aplicação, penso que ainda estamos numa fase beta e a fazer as primeiras experiências. Um bom exemplo disto é um projeto da OutSystems – denominado OutSystems AI – em que, no ambiente em que desenvolvemos aplicações, existe uma espécie de assistente que nos sugere o que pretendemos fazer a seguir no desenvolvimento das funcionalidades.

Neste caso, parte da IA introduzida na plataforma incide sobre o desenho das bases de dados, onde, mais uma vez, um assistente sugere quase todos os passos seguintes.

Todas as aplicações que não são “tools” envolvem certamente bases de dados, e a IA pode ajudar a criar bases de dados sem problemas de futuro – analisando se, de futuro, a estrutura que estamos a criar vai ter problemas de performance – o que já seria extremamente útil e apetecível para o mercado.

Estes assistentes que apenas oferecem sugestões e analisam impacto futuro serão, provavelmente, as primeiras soluções de IA que vão aparecer para developers.

No caso da OutSystems, já podemos contar com desenvolvimento rápido e, se tivermos um assistente virtual a fazer parte do trabalho, ou, pelo menos, a evitar que tomemos passos errados, isso vai resultar num desenvolvimento ainda mais rápido e sem erros.

A IA vai possibilitar-nos fazer desenvolvimentos melhores, de forma mais rápida e com maior confiança de que fica tudo mais robusto. Vai ainda permitir-nos acelerar o desenvolvimento das aplicações e impulsionar a qualidade dessas aplicações. Naturalmente, estes dois fatores vão acabar por ser refletidos na entrega ao cliente e no valor que lhes é cobrado. Teremos mais qualidade a um custo menor. No triângulo tempo, qualidade e custo, vamos ter todos os lados iguais e muito sorridentes.

No entanto, a IA não poderá substituir o trabalho dos developers em todas as áreas, porque a criatividade e a inteligência humana não são facilmente replicáveis, sendo esta a área onde a IA tem menores avanços. A IA é muito mais eficaz em procedimentos mais repetitivos, por isso, vai continuar a haver espaço para funções em que seja necessária criatividade. Num futuro mais próximo, vamos assistir mais ao aparecimento de assistentes, até porque as pessoas não estarão na disposição de dar autonomia total à IA.

Por mais que seja eficiente, vão querer sempre supervisionar o trabalho que foi feito. Mas, já existe IA a ensinar IA, e IA a aprender sozinha em ambientes simulados. Dependendo do sucesso desses projetos, o futuro pode estar mais próximo do que imaginamos!

(*) Managing Partner da Blue Screen