A fase principal do leilão do 5G avançou hoje para o seu 87º dia, num processo “recordista” em matéria de duração e que se prolonga desde o dia 14 de janeiro. Hoje tiveram lugar sete rondas, com as licitações a chegar aos 301,821 milhões de euros.

O valor representa um aumento de 954 mil euros em relação ao dia anterior. A totalidade do leilão, que inclui a fase reservada a novos entrantes, já é superior a 386 milhões de euros, ultrapassando o preço de reserva fixado pela Anacom nos 237,9 milhões e o encaixe gerado pelo leilão do 4G em 2011.

Através dos dados disponibilizados pela Anacom é possível verificar que a faixa dos 3,6 GHz mantém-se como a única regista alterações, com aumentos em relação às propostas de 14 dos 40 lotes disponíveis. Há uma dinâmica de crescimento face ao preço de reserva que leva a subidas a rondar no máximo os 272%, ultrapassando a valorização registada nos dois primeiros lotes da faixa dos 2,6 GHz.

Com o leilão a prolongar-se mais do que o esperado, o objetivo de lançar serviços comerciais ainda no primeiro trimestre de 2021 ficou por cumprir. Ainda em abril, a Anacom apresentou uma proposta de alteração das regras para tornar o acelerar o processo: uma decisão que não foi bem recebida pelas operadoras. Tanto a Altice Portugal, como a NOS e a Vodafone manifestaram-se negativamente, criticando a atitude da entidade reguladora e ameaçando com processos em tribunal.

Durante o 30.º congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e Habitação, considerou que a crítica e a litigância "tem tomado conta da discussão pública do setor das telecomunicações", numa alusão, sem referência direta, ao conturbado processo do leilão do 5G.

O ministro garantiu que o investimento público em redes de comunicações de nova geração "vai avançar" nos locais onde os operadores privados não chegam, destacando três "dimensões fundamentais da política de comunicações onde se colocam desafios muito importantes": a acessibilidade infraestrutural, a acessibilidade tarifária e da informação e mobilidade.

Recorde-se que, na semana passada, António Costa Silva, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento (CNA), classificou como "incompreensível" o facto do 5G estar atrasado em Portugal. "É uma grande, grande preocupação", afirmou o responsável que vai presidir à entidade que fará o acompanhamento da aplicação dos fundos atribuídos a Portugal no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência em entrevista à Lusa.

"É incompreensível porque é que a questão do 5G está prisioneira desta luta que existe entre o regulador e os regulados", sublinha o responsável, apontando que este "é um dos casos" em que, "provavelmente, há falta de diálogo e o país não avança".

Nota de redação: A notícia foi atualizada com mais informação. (Última atualização 19h12)