Por Vasco Mendes de Almeida (*)

Vivemos na era do algoritmo. Com a digitalização, os algoritmos tornaram-se ferramentas-chave para a tomada de decisões e para a eficiência das nossas organizações. No entanto, estamos realmente seguros da fiabilidade dos algoritmos que regem os nossos negócios? Será que sabemos realmente qual o retorno económico que nos trazem?

Antes de declararmos vitória sobre os algoritmos devemos colocar-nos algumas das questões: os modelos algorítmicos são alimentados com dados atualizados? Têm dados consistentes e uniformizados? Será que seguem um processo de aprendizagem contínuo para incorporar as últimas tendências nos hábitos dos consumidores? Será que o modelo desempenha corretamente a sua função? Que tipo de valor traz para o negócio?

A nossa experiência diz-nos que responder a estas questões requer a adoção de uma metodologia que permita a integração e controlo de todos os procedimentos baseados em algoritmos envolvidos no processo de tomada de decisão da organização, independentemente do local onde estes se realizam, que tecnologias utilizam ou de quem é responsável pelos mesmos. De facto, ao adotar um modelo de governação, é possível estabelecer as políticas e as melhores práticas que devem orientar os processos baseados em algoritmos. Por exemplo, a nomeação de uma Comissão de Governação, composta por gestores técnicos e comerciais, assegura a conformidade com o modelo, garantindo o alinhamento com os objetivos empresariais através de monitorização e controlo contínuo.

Há quatro aspetos-chave para garantir um ciclo de vida analítico bem-sucedido: os dados, ou seja, a importância de ter fontes de informação unificadas, com a máxima garantia de qualidade e flexibilidade; os modelos analíticos, desenvolvendo casos de uso com a ajuda da aprendizagem de máquinas para orientar a definição e implementação de aplicações empresariais; o seguimento, estabelecendo um quadro de monitorização através da industrialização dos modelos e do seu desempenho diário; e por último, o modelo organizacional, isto é, a forma como a empresa deve disponibilizar perfis técnicos e empresariais para o desenvolvimento analítico, de modo a ter uma visão holística do valor da contribuição dos algoritmos.

Este trabalho simbiótico entre departamentos técnicos e empresariais pode melhorar o impacto global dos algoritmos na organização, e é também uma condição necessária para amadurecer em direção a modelos e organizações empresariais impulsionadas por dados. A este respeito, é importante incluir um novo conceito financeiro para a avaliação dos algoritmos: o Retorno do Investimento (ROI). Os algoritmos, de facto, são um ativo empresarial, e, como tal, implicam um investimento financeiro do qual se espera um retorno económico.

Na realidade, cada modelo algorítmico envolve investimentos, custos e benefícios esperados. Para ter uma visão holística do modelo que facilita a sua governação integral, a combinação de KPIs técnicos e financeiros proporcionará o quadro completo da saúde do modelo e permitir-nos-á medir o impacto da Inteligência sobre o negócio. Medir o ROI da carteira de modelos analíticos torna-se então a chave para monetizar e otimizar os investimentos em Analítica.

A figura-chave, que na nossa experiência se torna central para esta nova organização de governação de algoritmos, é o Chief Digital Officer (CDO) De acordo com a nossa visão, o CDO ideal deve evoluir de um simples regulador de dados para um regulador de algoritmos, capaz de reunir conhecimentos e experiência em três áreas-chave: tecnologia de dados, Inteligência Artificial e gestão custo-benefício da Analítica.

Desta forma, a empresa poderá extrair o valor dos dados à sua disposição para tomar as decisões corretas, maximizando o seu investimento em algoritmos através da adoção de um novo modelo de organização interna para a governação de modelos analíticos.

(*) Diretor de Digital Technologies da Minsait

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