Por Jaume Pausas (*)

Há já algumas décadas que os jogadores de videojogos estão acostumados a ser as estrelas – e a competir. Contra o computador ou outro ser humano, offline ou online, o jogador controla a sua ação e depende de si, ou de mais jogadores como ele, para ser simultaneamente o protagonista e herói da história.

O crescimento e evolução da indústria dos videojogos, em paralelo com a vulgarização da Internet, dos serviços online e das plataformas de streaming, estão na origem de um fenómeno global de competições para múltiplos jogadores que retiraram os jogadores das suas salas de estar e secretárias e os lançaram diretamente para os grandes palcos do entretenimento. Este fenómeno é habitualmente designado de “esports”.

O sucesso dos esports é legitimado, por um lado, pelas grandes empresas de media e fabricantes que, cada vez mais, se estabelecem numa atividade em franco crescimento, mas sobretudo pelos jogadores, uma vez amadores, que se organizaram e, com recurso à democratização das transmissões e do streaming ao vivo, construíram uma audiência leal, diversificada e inquieta por acompanhar todos seus próximos os passos.

Os esports explodiram no mainstream, criando uma nova geração de ídolos e superestrelas que fazem esgotar estádios em todo o mundo, são cabeças de cartaz nos principais eventos da indústria e competem em jogos como League of Legends, Dota 2 e Playerunknown's Battlegrounds por prémios no valor de vários milhões de euros.

No início de 2019, um relatório da Newzoo, empresa de analytics na área dos videojogos e esports, concluiu que as receitas globais dos esports iriam ascender, até ao final deste ano, aos 1.100 milhões de dólares (mais 27% que o ano anterior), com investimentos de marcas em publicidade, patrocínios e direitos de media a somarem 82% das receitas totais[1] - marcas como a Coca-Cola Co, Toyota Motor Corp ou a T-Mobile US Inc.

Assistimos, neste momento, a um fenómeno com efeito bola de neve: são cada vez mais as empresas, marcas, desportistas doutras áreas e até celebridades interessadas em participar no setor, o que por sua vez possibilita a abertura de novas portas e oportunidades laborais a entertainers, treinadores, marketers, fisioterapeutas e, sobretudo, a novos jogadores e fãs que encaram os esports como uma provável carreira para o futuro.

A tarefa não é fácil. Como qualquer outra atividade, ser um jogador profissional requer uma combinação inventiva de empenho, audácia e perseverança. Para maximizar as suas chances, os aspirantes a profissionais devem eleger o género, jogo e plataforma que vão de encontro àquelas que são as suas valências. Os torneios mais importantes são disputados no PC, mas os jogos multiplicam-se a uma velocidade incrível, o que pode dificultar o compromisso num só título.

Existem táticas que, não sendo infalíveis, jogam a favor de qualquer jogador esperançoso, incluindo aprender com os melhores as táticas mais eficientes, acumulando o conhecimento essencial para melhorar as suas habilidades e, claro, procurando participar nos torneios e ligas que melhor se adaptam a cada um.

Para isso existem numerosos websites e canais de Youtube centrados em fornecer variadas dicas sobre o que é preciso fazer para triunfar no setor, além de novas plataformas dedicadas, como a Planet9, que abrem os esports para jogadores amadores e casuais que desejam participar, permitindo que aprendam com os profissionais, explorem os seus pontos fortes e fracos, e se liguem com outros jogadores da comunidade ao seu nível para disputar torneios online.

A concorrência é feroz, mas é precisamente essa postura de competição entre jogadores e equipas que eleva a qualidade dos jogos e torna o fenómeno dos esports numa atividade simultaneamente dinâmica e entusiasmante.

(*) Marketing Manager da Acer Computer Ibérica

[1] Fonte: Newzoo