Por Pilar Torres (*)

Todos os dias, durantes os últimos meses, ouvi histórias de organizações que se voltam para a nuvem para expandir ou manter os serviços, a uma velocidade e extensão que me pareciam inimagináveis no início do ano.

O que é mais incrível é que esta transformação foi feita sob imensa pressão e, em muitos casos, literalmente da noite para o dia. E isso é o que escalar realmente significa.

Várias vezes as organizações são levadas a acreditar que os seus sistemas ou soluções de software existentes são construídos para escalar, ou melhor, para crescer, em resposta à procura. Mas o que assistimos durante esta pandemia é que os sistemas de muitas organizações não foram preparados para o nível de procura que estão a experimentar.

Quando falo com organizações do setor público sobre como a nuvem pode ajudá-las a escalar, estou a falar sobre o tipo de velocidade e flexibilidade que lhes permitirá criarem novas aplicações e serviços numa questão de dias, ou até horas.

Os recursos que construímos nos últimos 14 anos serviram-nos para dar resposta aos clientes durante este período difícil e apoiar organizações cujos sistemas proprietários não foram capazes de enfrentar o desafio.

Numa crise global de saúde pública, quando economizar tempo é uma questão de salvar vidas, a importância de ter os sistemas certos que permitam agir rapidamente não pode ser subestimada. Isto é especialmente verdadeiro para as empresas que coordenam a resposta global à COVID-19.

Há várias semanas que a AWS trabalha com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para ajudar a acelerar a digitalização das suas informações e serviços educacionais a uma velocidade sem precedentes, como resultado da pandemia. A Amazon Web Services está a ajudar a OMS a antecipar a implementação de uma app para profissionais de saúde na linha da frente de combate e a fornecer os nossos serviços de Machine Learning e media para reduzir o tempo da tradução dos vídeos de formação educacional, de alguns dias para poucas horas.

A OMS está também a usar os nossos serviços para desenvolver uma ferramenta que permite recolher e analisar grandes volumes de conteúdo relacionado com a COVID-19 em todo o mundo, de forma ainda mais eficaz. A ferramenta vai usar o Machine Learning para ajudar a diferenciar o conteúdo 'confiável' e 'não confiável' e facilitará a disponibilidade e avaliação da informação à comunidade de especialistas.

É vital que organizações como a OMS tenham a capacidade de partilhar informações fiáveis e atualizadas a todos os que trabalham nos mesmos problemas, para que todos possam identificar o que funciona mais rápido e replicá-lo, em vez de duplicar esforços.

Outro bom exemplo é o Institute for Research in Biomedicine (IRB Barcelona). No IRB Barcelona, estamos a desenvolver uma ferramenta de inteligência artificial para extrair e 'ler' rapidamente informações relevantes de dezenas de milhares de artigos científicos sobre a COVID-19, um total que cresce exponencialmente a cada dia, para ajudar a encontrar compostos de medicamentos potencialmente ativos contra a doença. O Instituto já identificou mais de 307 destes compostos e qualquer um deles pode ajudar a dar um passo mais perto de vencer a COVID-19. Isto é o que ‘escalar’ pode e deve ser.

É a contínua comunicação com os cidadãos quando se depara com um grande número de perguntas. É a reprodução vital e confiável de conteúdo educacional, tornando-o disponível e acessível ao maior número possível de pessoas que precisam dele. É a análise de grandes quantidades de dados, com precisão e rapidez, para identificar as informações que podem ser chave para curar uma doença mortal. E embora a tecnologia em nuvem permita tudo isto, também cabe às pessoas – às pessoas e à sua infinita engenhosidade no confronto com adversidades.

Repetidamente, esta crise mostrou-nos que as pessoas têm sempre a capacidade de "escalar" os seus pensamentos além das circunstâncias atuais. E quando dispõem dos sistemas adequados para apoiar grandes ideias, podem aperceber-se de toda a extensão da sua visão.

(*) Head of Public Sector Iberia, AWS