Por Carlos Vaz de Oliveira (*)

Para quem ainda não conhece, o low-code é um método para desenhar e conceber software de forma mais rápida e com o mínimo de código. Entre outros, o low-code permite aos recursos com maiores competências entregar valor de forma mais rápida e fiável. Os programadores não necessitam de recorrer a infraestruturas pesadas e à reimplementação de padrões que podem ser complexos e vão diretos aos 10 por cento necessários para completar uma aplicação.

Embora não tenha nenhuma designação específica até junho de 2014, o mercado de low-code existe, pelo menos, desde 2011. Para muita gente, o low-code nem sequer é considerado programação, pois está tão longe de codificar, em termos de linguagem da máquina, e está tão próximo da nossa própria linguagem que muitos não o consideram enquanto programação.

Existem já várias soluções de low-code que não nos apresentam sequer linguagem escrita. São linguagens, como o OutSystems, que, com uma simples representação gráfica, nos permitem definir o que pretendemos que a aplicação faça. Quer isto dizer que, com poucos símbolos, posso já estar a entregar uma funcionalidade completa, dispensando longas horas de codificação.

As maiores vantagens do low-code passam pela entrega rápida de grandes soluções complexas. Além disso, o nível de segurança e estabilidade é muito elevado, uma vez que a maioria dos erros que podem ocorrer no código são impossíveis em low-code, pois é a solução que produz, sem erros, automaticamente esse código ou funcionalidade. O desenvolvimento visual é outra das grandes vantagens, uma vez que a representação visual faz com que a aplicação seja muito percetível, tornando-a flexível e muito fácil de alterar.

O low-code é muito popular porque o mundo da tecnologia está cada vez mais rápido e há uma adesão maior e mais célere, empurrada pelas redes sociais e pela comunicação rapidíssima que existe hoje. Por outro lado, as empresas já não se podem dar ao luxo de ter projetos de 3 e 5 anos. Os projetos agora não podem exceder alguns meses ou até mesmo algumas semanas.

Atualmente, a entrega de um projeto tem de ser rápida, senão o projeto nem sequer é considerado. Existem bastantes soluções no mercado que são bastante robustas e entregam tudo quanto é necessário e de forma bastante mais barata, mas sem a personalização que as empresas procuram.

O low-code permite ainda projetos muito mais complexos do que com recurso à codificação tradicional, porque é mais simples, flexível e rápida, isso permite uma maior complexidade. Por outro lado, as exigências, em termos de formação, não são muitas. Não há qualquer obrigatoriedade em termos de escolaridade, apenas algum background de programação. É algo muito pessoal, que não vem no curriculum e passa muito pelo mindset.

Além da vertente económica e da vertente temporal, há ainda a destacar o custo dos programadores, que tipicamente é inferior, uma vez que a linguagem não é tão complexa e não exige tanta formação. Os recursos são mais baratos e a formação é mais rápida, razão pela qual o coding tradicional está cada vez mais em desuso, dado implicar recursos seniores, com maior formação e, logo, muito mais caros.

Mais ainda, numa tecnologia low-code não haverá mais de 2 ou 3 atualizações por ano, ao contrário de muitas outras tecnologias, em que, todos os anos, as transformações e evoluções são imensas, o que constitui também um fator importante em termos de custos de formação e atualização.

(*) Managing Partner da Blue Screen