As operadoras de telecomunicações continuam a colocar no tabuleiro os seus peões relativos à estratégia de implementação do 5G em Portugal. As três principais empresas (Meo, NOS e Vodafone) revelaram o valor máximo que estariam dispostas a pagar, como sendo justas pela licença do espectro, na casa dos 48 milhões de euros.

A NOS e a Vodafone oficializaram uma parceria para a partilha de infraestrutura móvel, através de uma “carta de intenções”. O objetivo é partilharem os seus ativos a nível nacional, de forma a garantir maior eficiência e rapidez, de forma sustentável, a cobertura do território português no advento do leilão das frequências para o 5G. As empresas acreditam que o acordo irá beneficiar os seus clientes, no que diz respeito à cobertura e qualidade do serviço, ainda que mantenham integralmente a respetiva independência estratégica.

A parceria entre as empresas vem assim responder ao apelo deixado pela ANACOM sobre as eventuais condições para a partilha das infraestruturas e coinvestimento das operadoras. “O coinvestimento seja de empresas ou de soluções de investimento grossistas faz todo o sentido e é bom que aconteça”, afirmou João Cadete de Matos. De acordo com o presidente da ANACOM, a questão do 5G tem levantado alguma controvérsia em Portugal, mas no caso de um setor em que "a rendibilidade das comunicações também terá de evoluir e terá de se ajustar à procura (...), torna-se essencial ver as virtudes ou de opções partilhadas ou de opções de utilizações grossistas".

O tema sobre a partilha de infraestrutura proposta pela ANACOM sempre foi alvo de crispação, um tema que tem "irritado" o CEO da Vodafone Portugal, Mário Vaz, porque coloca em causa o investimento que a empresa fez na rede móvel, acrescentando que a nível europeu do grupo é o melhor da Europa, a seguir à Holanda. Na sua ideia, é a rede que faz a diferenciação do operador. A Vodafone dá assim um passo atrás no seu pensamento e alia-se a uma das suas rivais em Portugal. "Consolidamos, deste modo, o princípio que sempre defendemos de um modelo eficiente no desenvolvimento de redes de última geração e demos mais um passo muito importante no nosso compromisso com Portugal e com os portugueses, de construção de uma Sociedade Digital”, afirmou Miguel Almeida, CEO da NOS no comunicado.

Ainda assim, as empresas deixam em "pratos limpos" que irão manter a sua independência na definição e prestação de serviços aos seus respetivos clientes, não partilhando o espectro, além de manterem o controlo estratégico das suas respetivas redes. O acordo definitivo para a negociação do regime de exclusividade será feito em junho de 2020.