Depois de ter sido provada a interferência de hackers russos nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, chegou a vez da Rússia retaliar e avançar com uma acusação contra duas das maiores empresas tecnológicas dos Estados Unidos. O Roskomnadzor, o órgão regulador russo das comunicações do país, anunciou, num comunicado à imprensa, que tanto o Facebook como a Google permitiram, alegadamente, a publicação de anúncios políticos durante as eleições regionais de dia 8 de setembro, algo que vai contra a lei eleitoral do país.

De acordo com as declarações do regulador, tal atuação, considerada “inaceitável”, pode ser encarada “como uma interferência nos assuntos políticos do país, pondo em causa a conduta de eleições democráticas”. A acusação surge depois de umas eleições regionais envoltas em controvérsia devido à exclusão de diversos candidatos da oposição após semanas de protestos em Moscovo, nos quais centenas de manifestantes foram presos, avança a Deutsche Welle.

Segundo o Russia Today, Aleksandr Malkevich, um membro do Câmara Cívica da Federação Russa, alega que a Google mostrou anúncios relativos ao sistema “Smart Voting” promovido por Aleksay Navalny, líder principal da oposição ao Kremlin, a utilizadores do motor de busca que procuravam por informação acerca das eleições regionais. Já o Facebook alegadamente bloqueou duas publicações feitas pela Comissão de Eleições de Moscovo, as quais indicavam que possíveis interferências eleitorais estariam a ser investigadas.

A acusação por parte do Roskomnadzor é apenas a mais recente medida do governo russo para tentar controlar acesso dos cidadãos do país à Internet, indica a Forbes. O ano de 2019 viu não só o aprovar de uma lei que pretende “desconectar” a Rússia da World Wide Web, mas também o desativar de redes móveis em Moscovo durante a série de manifestações que decorreram em agosto.