Um swiping sem fim, mensagens constantes e viver as nossas vidas com os olhos postos nos smartphones. É esta a realidade de muitas pessoas hoje em dia e, por isso, a questão do "vício" pela tecnologia esteve em debate no último dia do Web Summit. Mas será que se trata mesmo de um vício? Mesmo que seja apenas um “problema” as consequências podem não ser as melhores, mas há estratégias que podem ser tomadas.

Coube a Justin McLeod, fundador da app de namoro Hinge, e a Dame Til Wykes, professora no Kings College London, analisar esta questão no palco principal do evento. O responsável pela criação da aplicação considera que, seja um vício ou não, quando a tecnologia é demasiado utilizada trata-se de um problema. Para o demonstrar, Justin fez referência ao facto de a Internet não estar a cumprir com o seu objetivo, conectar pessoas, acabando por estar a fazer o oposto.

Fazendo referência ao facto de a Organização Mundial da Saúde ter classificado este ano o uso excessivo e patológico dos videojogos como uma perturbação psiquiátrica, a professora de psicologia clínica e reabilitação Dame Til Wykes assume-se como cética em relação à associação entre perturbação e o vício da tecnologia. Desafiados a responder à pergunta "Quem considera que sofre de um vício pela tecnologia?", muitos participantes levantaram a sua mão respondendo positivamente à pergunta. No entanto, Dame Til Wykes garantiu que não acredita que todas as pessoas que o fizeram sejam efetivamente viciadas em tecnologia.

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Para a especialista, e pelo menos no caso da plateia, o trabalho, naturalmente e cada vez mais associado a smartphones e equipamentos eletrónicos, não se traduz num vício tecnológico. "Não acredito que, retirando a tecnologia a estas pessoas, teriam comportamentos iguais a uma pessoa viciada em álcool ou em drogas", afirmou.

Dame Til Wykes considera que em muitos casos se trata sim de problemas comportamentais, já que as novas tecnologias permitem dar resposta a certos problemas dos utilizadores. Por isso, a especialista garante que não se pode afirmar que a maior parte das pessoas que passam muito tempo conectadas têm efetivamente um vício.

Reconhecendo que todos nós somos dependentes da tecnologia, quer a nível profissional ou pessoal, a professora considera que não devemos generalizar o termo “vício”, visto que cada caso depende da atual situação dos utilizadores. “O problema passa agora por identificar se a tecnologia é útil para nós”, afirma.

Como podemos controlar de melhor forma o tempo que passamos conectados?

Para Justin McLeod a responsabilidade de gerir melhor o tempo que estamos ligados a qualquer tipo de tecnologia é uma responsabilidade de cada um, numa altura em que a tecnologia vem responder a certos problemas. “Precisamos de nos proteger”, afirmou.

Enquanto fundador de uma app, mas sem contas de Instagram e Facebook e apenas com email e Slack instalados no seu smartphone, Justin McLeod considera que um “detox tecnológico não é sustentável”. Por isso, opta por não ter algumas apps no smartphone e ter apenas acesso através de computador. “Tudo melhora desta forma”, afirmou.

Fazendo referência ao facto de as próprias pessoas serem os produtos das empresas tecnológicas, sobretudo através dos dados, Dame Til Wykes acredita que é importante que as aplicações “não prometam algo que não possam cumprir”. Por isso, defende que é preciso divulgar mais informação nesta área, nomeadamente informar se os objetivos da app estão a ser cumpridos com os utilizadores que já fizeram o download. “Precisamos de disponibilizar mais informação para que as pessoas possam fazer escolhas mais acertadas”, afirmou.

Qual a próxima geração de gigantes tecnológicas?

Num evento onde se falou também sobre as atuais gigantes tecnológicas como a Amazon, o Google e o Facebook, três cofundadores de empresas e startups tecnológicas juntaram-se para “prever” o futuro das novas gigantes tecnológicas.

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Josh Luber, co-fundador da empresa de ecommerce StockX, falou do duopólio existente no mercado do comércio eletrónico, com a Amazon e o Ebay a dominarem o sistema. E Mada Seghete, cofundadora da Branch, considera que a próxima fase das novas empresas é ultrapassar as barreiras criadas pelas atuais gigantes tecnológicas e criar empresas mais “democráticas”. E isso passa por garantir a melhor experiência possível ao utilizador com a menor utilização de dados, defende.

O Web Summit visto pelo SAPO TEK

SAPO TEK acompanhou o Web Summit, destacando, para além das notícias de antecipação, os temas e as tendências mais relevantes.

Veja a galeria de imagens que fomos recolhendo no nosso Diário do Web Summit.

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