À medida que a comunidade científica mundial reúne esforços para tentar encontrar uma cura para a COVID-19, circulam na Internet rumores de que a hidroxicloroquina e cloroquina podem ser usados como um tratamento. Recentemente, os investigadores da NormShield deparam-se com um surto de websites maliciosos e de esquemas de phishing que se aproveitam dos receios de alguns utilizadores, promovendo a compra dos medicamentos.

Os cientistas indicam que não há provas suficientes para comprovar se os fármacos tradicionalmente utilizados no tratamento da malária são, de facto, benéficos no tratamento da COVID-19 e que o uso experimental pode ser prejudicial. No entanto, figuras políticas e públicas como Donald Trump, Jair Bolsonaro ou Elon Musk têm vindo a falar e até a promover o seu uso como tratamento experimental.

De acordo com o relatório da NormShield, foram identificados cerca de 362 websites que promovem dos medicamentos como tratamento para a doença desde janeiro deste ano. Na vasta maioria das páginas fraudulentas os cibercriminosos tinham como objetivo extorquir avultadas somas de dinheiro aos utilizadores mais incautos.

Número de websites fraudulentos que promovem
créditos: NormShield

Muitos dos websites encontrados pela equipa da NormShield contêm opções de pagamento de forma a roubar a informação dos cartões bancários, remetendo os utilizadores para caixa de pagamento virtual. Embora alguns as possam considerar páginas minimamente credíveis, a verdade é que não o são e todas as “encomendas” realizadas não chegarão a quem as pediu depois de a transação ter sido realizada.

Centenas de websites estão a promover “curas” para a COVID-19
Alguns dos websites fraudulentos identificados pela NormShield. créditos: NormShield

Os investigadores demonstram que os atacantes estavam atentos às notícias relativas à hidroxicloroquina e cloroquina, assim como as tendências de pesquisa dos utilizadores. A investigação revela que a “onda” de websites com esquemas fraudulentos começou depois de Donald Trump ter começado a falar acerca do uso dos medicamentos em março.

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Recorde-se que à medida que a pandemia se intensifica, aumentam os ataques informáticos. No início de abril, a Check Point Research afirmou que detetou uma média de 2.600 ciberataques, por dia, tendo mesmo registado um pico de 5.000 no dia 28 de março.

Por exemplo, um dos mais recentes relatórios da Europol revela que o cibercrime tem aumentado exponencialmente e os criminosos têm apostado “em força” em campanhas de phishing e de ransomware. A exploração sexual de crianças através da Internet também aumentou e está a preocupar as autoridades.