As chaves criptográficas necessárias para desbloquear uma conta iCloud chinesa sempre foram armazenadas nos Estados Unidos, pelo que, qualquer autoridade que quisesse ter acesso aos mesmos teria que passar pelo sistema jurídico norte-americano.

Agora, a Apple vai armazenar as chaves das contas iCloud chinesas na própria China, num centro de dados que será administrado em conjunto com a empresa governamental Guizhou - Cloud Big Data Industry Co Ltd. (GCBD). Mas, isso só se vai aplicar aos residentes da China continental que escolheram a China como país principal quando criaram a sua conta Apple (não Hong Kong, Macau ou Taiwan).

Assim, todos os dados que são armazenados neste serviço - incluindo fotos, vídeos, documentos e cópias de segurança - estarão sujeitos aos novos termos e condições do iCloud operado pelo GCBD. Isto significa que as autoridades chinesas irão depender unicamente do seu sistema legal para pedir acesso aos dados do iCloud.

Ativistas dos direitos humanos temem que as autoridades possam usar esse poder para perseguir os dissidentes e dão como exemplo o caso em que a Yahoo Inc entregou os dados que originaram a detenção de dois cidadãos, noticia a Reuters.  Também Kevin Mitnick, conhecido hacker e especialista em segurança digital, manifestou a sua preocupação no Twitter.

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A gigante tecnológica afirmou ter que cumprir as leis chinesas que exigem que os serviços da nuvem oferecidos aos cidadãos chineses sejam operados por empresas chinesas e que os dados sejam armazenados na China.

A empresa de Cupertino defendeu que, apesar dos valores da empresa serem iguais em qualquer parte do mundo, estão sujeitos às leis de cada país. "Embora sejamos da opinião de que o iCloud não deveria estar sujeito às novas leis, não tivemos sucesso", afirmou.

A Apple afirmou que apenas responderá a solicitações legais válidas na China, mas o processo legal interno da China é muito diferente do dos EUA. De acordo com a lei chinesa, a aprovação do tribunal não é exigida e a polícia pode emitir e executar mandados. Esta alteração vai acontecer já a 28 de fevereiro, tendo a Apple notificado os seus utilizadores chineses por email.