Foi um parto difícil, mas uma década depois o satélite Éolo arrancou para a sua missão de vigiar e estudar os ventos da Terra nos próximos três anos. O satélite foi lançado no foguetão Vega, a partir da base espacial europeia em Kourou, na Guiana Francesa às 22 horas desta quarta-feira. O foguetão demorou cerca de 55 minutos para colocar o satélite em órbita. Devido a condições menos favoráveis do vento, o lançamento teve de ser adiado nos últimos dias.

O satélite utiliza uma revolucionária tecnologia de laser para medir a intensidade dos ventos em torno da Terra, ajudando os investigadores a compreenderem melhor como funciona a atmosfera. Acima de tudo, a missão do Éolo (ou Aeolos na versão inglesa) é melhorar as previsões meteorológicas.

O satélite, que pesa 1.450 quilos, vai viajar a 27 mil km/h, a uma altitude de 320 quilómetros, e completará cerca de 16 órbitas diárias durante a sua presença em órbita. Esta é a quinta missão da família “ESA’s Earth Explorers”, que visa responder às questões científicas mais urgentes da atualidade. “O Éolo vai preencher o vazio do nosso conhecimento de como o planeta funciona e demonstrar como a tecnologia de ponta poderá ser utilizada no espaço”, referiu Jan Wörner, diretor geral da ESA.

Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, a falta de medições diretas dos ventos ao nível do globo é um dos principais défices no sistema de observação globais. O satélite vai permitir aos cientistas compreender como o vento, pressão, temperatura e humidade se interligam. A missão vai ainda permitir observar como o vento influencia as mudanças de calor e humidade entre a superfície do planeta e a atmosfera, uma das condições para compreender as alterações climáticas.

Este passo científico tem um importante cunho português, pois duas empresas nacionais estiverem envolvidas na construção do satélite. A LusoSpace concebeu os dois magnetómetros, os primeiros instrumentos que foram utilizados após o lançamento; e a Omnidea produziu e testou as válvulas que asseguram a limpeza da componente ótica do Aladin, o principal instrumento do satélite Éolo.