Dave Grannan é o fundador e CEO da Light, uma empresa dedicada à exploração e ensino de inteligência artificial utilizada em automóveis autónomos. O empresário esteve presente na Web Summit para responder às questões introduzidas por Javier Zamora, um estudante da IESE Business School, sobre o que significa a IA na condução?

A empresa foi fundada há cinco anos, baseada em computação de imagem, com soluções baseadas em LTE, que convergiu em outras soluções aleadas à sua paixão por fotografia. Nesse sentido, convergir diversas máquinas fotográficas para obter imagens de alta resolução, evoluindo para realidade aumentada e virtual. A novidade da sua tecnologia baseia-se na geometria daquilo que é possível ver, ou seja, utilizar as câmaras para capturar a geometria e a sensação de espaço.

As pessoas necessitam de um modelo eficaz e testado no mercado, por isso para ver o seu projeto consolidado, a empresa fechou um investimento com a Softbank para criar um negócio baseado na condução autónoma. A Light pretende otimizar as soluções que por norma consomem muita energia, utilizando as suas técnicas para criar efeitos de paralax, ou seja, conseguir ver melhor ao longe do que o próprio olho humano.

Para o CEO da empresa, para as startups conseguirem se destacar necessitam mesmo de produtos inovadores, que ainda não existam no mercado. A empresa já tem modelos-piloto em teste no mercado. O desafio é ter confiança nos diversos indivíduos deste ecossistema, relativamente à partilha de dados, e como a tecnologia 5G vai depender dessa segurança, para que os veículos autónomos possam mesmo tornar-se uma realidade.

Questionado como a sua tecnologia envolve vidas humanas, responde que todos os problemas relacionados com a condução autónoma vão ser resolvidos nos próximos 3-5 anos. Os problemas atuais prendem-se mesmo com o aspeto de decisão, os erros cometidos pelas máquinas e isso é o que os sistemas de machine learning estão a aprender a lidar.

O seu sistema determina distâncias, o que permite agir, ou pelo menos, garantir tempo para os sistemas de segurança serem ativados quando algo corre mal. Se um carro estiver em movimento, onde vai estar no próximo segundo são questões que a IA tem de aprender a responder e agir. O grande desafio é mesmo continuar a fazer investigação, utilizar sistemas mais flexíveis, capazes de se adaptar às novas etapas de aprendizagem das máquinas. “O que fazer numa situação de emergência pode ser a pergunta mais difícil de fazer, e muito disso prende-se com as regras de cada país. Por exemplo, nos Estados Unidos, salvar as crianças é a prioridade, enquanto que nos países asiáticos são os mais idosos”, explica o empresário. Os modelos de IA são programados por país, acrescenta o líder da empresa.

Mais uma vez, o empresário salienta que a tecnologia é uma ferramenta, mas quem a utiliza tem de ter a responsabilidade de escolher o que fazer com ela. Muitas vezes há uma tendência de fechar os olhos à ética, para olhar para um “cheque gordo”.

O Web Summit visto pelo SAPO TEK

O SAPO TEK está a acompanhar o Web Summit e para além das notícias de antecipação, nos próximos dias vai trazer os temas e as tendências mais relevantes. Encontramo-nos pelo Web Summit ou Night Summit?
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