O foguetão chinês descontrolado já reentrou na atmosfera terrestre. O núcleo do Long March 5B, usado para transportar um novo módulo para a Tiangong, aestação espacial que a China está a construir, desintegrou-se este sábado sobre o oceano Índico e há vídeos que demonstram a passagem dos destroços.

De acordo com dados avançados pelo Comando Espacial dos Estados Unidos no Twitter, a reentrada do núcleo do Long March 5B deu-se pelas 10h45 MDT (17h45 de Lisboa) no dia 30 de julho.

Do seu lado, a China Manned Space Agency (CMS) também se pronunciou, dando a conhecer, através de uma publicação partilhada na rede social Weibo, mais detalhes acerca da reentrada do Long March 5B. Segundo a entidade, a vasta maioria dos destroços desintegraram-se durante o processo, com o que restou do núcleo a cair no oceano, numa localização que, de acordo com as coordenadas partilhadas, se encontra próxima da ilha de Palawan, nas Filipinas.

Estima-se que entre 5 a 9 toneladas do núcleo tenham “sobrevivido” à reentrada na atmosfera terrestre e a queda dos destroços conseguiu ser captada por vários observadores em países como a Malásia, num fenómeno que, à primeira vista, foi tido por alguns como uma "chuva" de meteoros.

Mais tarde, o fenómeno observado foi confirmado pela agência espacial da Malásia, numa declaração do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do país, como a queda de destroços do foguetão Long March 5B.

O fenómeno também conseguiu ser captado na Indonésia, nos céus da cidade de Lampung, como partilhado por um meio de comunicação local através do Instagram.

Embora se acredite que a queda dos destroços não tenha causado danos, a reentrada do núcleo do foguetão foi observada por especialistas com alguma preocupação, uma vez que, dado à sua órbita descontrolada, existiam incertezas quanto ao local onde os destroços poderiam cair.

"A China não partilhou informação específica sobre a trajetória à medida que o foguetão Long March 5B reentrava na Terra", afirmou Bill Nelson, administrador da NASA.

O responsável realçou que todas as nações com projetos espaciais em curso "devem seguir as práticas estabelecidas" e "partilhar este tipo de informação com antecedência de modo a permitir previsões acerca do potencial de impacto dos destroços, em particular, para veículos de grandes dimensões como o Long March 5B, que representam um risco significativo".

Recorde-se que, em maio do ano passado, parte de um outro foguetão Long March 5B fez uma reentrada descontrolada na Terra depois de ter ajudado a colocar mais uma peça na estação espacial que a China está a construir.

Reentrada do foguetão chinês na atmosfera aconteceu sem danos. Impacto foi registado no oceano Índico
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Na altura, a agência espacial chinesa confirmou que o primeiro estágio do foguetão, com cerca de 30 metros e entre 17 e 21 toneladas e a viajar a uma velocidade de quase 28 mil quilómetros por hora, acabou por cair um local próximo das ilhas Maldivas, no oceano Índico, a sul da Índia.

A situação levou à ativação das mais importantes agências de monitorização espacial do mundo, incluindo o Serviço de Vigilância e Acompanhamento Espacial da UE (EUSST), e até do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Já em 2020, na primeira viagem de um foguetão idêntico, alguns dos restos dos lançadores caíram na Costa do Marfim, danificando vários edifícios. Em 2018 a estação espacial Tiangong-1 também acabou por regressar à Terra num voo descontrolado, rumo ao oceano pacifico. A viagem terminou sem danos maiores.

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