Segundo os estudos, citados em comunicado pela ESA, Marte terá perdido uma camada de água de dois metros de profundidades a cada mil milhões de anos, mas ainda hoje, apesar de inóspito, vaza pequenas quantidades remanescentes na sua atmosfera. A água terá sido abundante em Marte mas, atualmente só existe sob a forma de gelo ou gás devido à baixa pressão atmosférica.

A informação refere dados da sonda europeia Mars Express que indicam que a fuga de água de Marte para o espaço foi acelerada por tempestades de poeira e pela proximidade do planeta com o Sol, mas sugerem também que uma parte da água “pode ter recuado para o subsolo”.

É à procura destas pistas que o rover Perseverance está em Marte, com a missão de descobrir vida microbacteriana no planeta e enviar para Terra as primeiras amostras colhidas no solo do planeta, uma meta que envolve também a ESA. O robot é um verdadeiro "laboratório com rodas" e está há um mês em Marte para uma missão de 2 anos, mas já partilhou dezenas de milhares de fotografias.

Estudo conclui que Marte tinha água equivalente a metade do oceano Atlântico. Mas foi há 4 mil milhões de anos
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Os novos estudos agora divulgados, liderados pelos investigadores Anna Fedorova, do Instituto de Investigação Espacial da Academia Russa de Ciências, e Jean-Yves Chaufray, do Laboratório de Atmosferas e Observações Espaciais de França, recorrem aos dados da sonda Mars Express e complementam informação recentemente obtida a partir do satélite europeu TGO, que aponta para que a perda de água em Marte possa estar ligada a mudanças sazonais.

8 anos marcianos a recolher dados

Anna Fedorova e a sua equipa estudaram, durante oito anos marcianos, o vapor de água na atmosfera do planeta, desde o solo até uma altitude de 100 quilómetros, “região que ainda não havia sido explorada”.

O vapor de água “permaneceu confinado” a menos de 60 quilómetros de altitude quando Marte estava longe do Sol, mas “estendeu-se” até 90 quilómetros de altitude quando o planeta estava mais próximo do Sol.

Perto do Sol, “as temperaturas mais quentes e a circulação mais intensa na atmosfera impediram que a água congelasse a uma determinada altitude”.

“Então, a atmosfera superior fica humedecida e saturada de água, o que explica porque as taxas de fuga de água aumentam durante esta temporada: a água é transportada para mais alto, ajudando a sua fuga para o espaço”, assinalou a investigadora Anna Fedorova, citada no comunicado da ESA.

Nos anos em que Marte teve uma tempestade de poeira, a parte superior da atmosfera tornou-se ainda mais húmida, acumulando água em excesso em altitudes de mais de 80 quilómetros.

Para Anna Fedorova, tal significa que “as tempestades de poeira, que são conhecidas por aquecer e perturbar a atmosfera de Marte, também levam água a grandes altitudes”.

No seu estudo, o grupo liderado por Jean-Yves Chaufray acrescenta que parte da água de Marte pode não ter escapado para o espaço através da atmosfera, mas “recuado” para o subsolo.

“Como nem tudo foi perdido para o espaço, os nossos resultados sugerem que ou a água se moveu para o subsolo ou as taxas de fuga de água eram muito mais altas no passado”, sustentou o investigador.

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